Agricultura orgânica: um potencial disperdiçado

Da Redação ·
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fonte: Pixabay

No Brasil, a produção de alimentos orgânicos tem ganhado relevância, tanto pelo crescimento da demanda por produtos saudáveis quanto pelo impacto positivo que essa prática traz ao meio ambiente. Com 25.404 produtores orgânicos devidamente certificados e registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o país demonstra um grande potencial para expandir ainda mais esse setor. No entanto, a realidade em algumas regiões do Paraná e, especificamente, na região de Apucarana, revela que ainda há muito a ser feito em termos de políticas públicas e apoio ao produtor.

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O Paraná destaca-se como a unidade da federação com a maior quantidade de produtores orgânicos certificados, somando 4.066 produtores registrados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) do MAPA, representando 16% do total nacional. Essa concentração, no entanto, não se reflete de maneira uniforme em todo o estado. Apucarana, por exemplo, possui apenas 21 produtores de orgânicos cadastrados, o que corresponde a 0,52% do total do estado. Na região de Apucarana, produtores certificados e cadastrados no MAPA praticamente inexistem. Esse panorama evidencia uma lacuna crítica que precisa ser abordada com urgência.

O Programa Paraná Mais Orgânico, criado para orientar agricultores familiares na produção orgânica e auxiliar na certificação, é uma iniciativa valiosa, mas insuficiente quando analisamos a distribuição geográfica e a acessibilidade das feiras de orgânicos no estado. De acordo com a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), as feiras registradas na região Norte do estado estão concentradas em Londrina, onde existem seis feiras urbanas e uma no distrito de Lerroville. A ausência de feiras e produtores certificados em outras regiões, como Apucarana, reflete a falta de apoio prático e efetivo aos agricultores interessados em seguir o caminho da agricultura orgânica.

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É evidente que muitos produtores de orgânicos devem existir, mas não estão cadastrados por falta de oportunidade, orientação, instrução, ou apoio de órgãos públicos municipais. Os planos municipais de desenvolvimento rural sustentável devem receber maior atenção dos gestores municipais para que essa realidade possa ser melhorada. A responsabilidade de corrigir essas falhas não é do governo estadual, mas das administrações municipais. Candidatos e candidatas ao principal cargo em cada município deveriam incluir, em suas propostas de campanha, medidas concretas para melhorar a qualidade do gasto público destinado ao setor agropecuário, com um foco especial na produção orgânica.

Melhorar a qualidade do gasto público implica em investir recursos de maneira eficiente e transparente, direcionando-os para áreas que realmente necessitam e onde o impacto será mais significativo. A produção orgânica, além de promover a saúde pública e a sustentabilidade ambiental, pode gerar empregos e fortalecer a economia local. É estratégico que políticas públicas sejam desenhadas e implementadas com base em dados reais e necessidades específicas das comunidades.

A melhoria da qualidade do gasto público no setor agrícola não é uma mera opção, mas uma necessidade urgente. Na região, as atividades rurais são fundamentais para o desenvolvimento regional. Ignorar essa verdade é comprometer o futuro de nossas comunidades e do país como um todo. Os gestores municipais devem garantir investimentos robustos no setor agropecuário, pois isto se reverterá em benefícios tangíveis para a população e para o meio ambiente.