Caro leitor e leitora, sentado em frente ao computador, como todos os dias, sou bombardeado por informações, nem todas verdadeiras de um mundo cada vez mais desumano. A priori, não seria algo tão ruim imaginar que o mundo se desumanizasse, já que somos nós – humanidade – que temos acabado com ele. Se fossemos mais como os animais, que somos em verdade, talvez tivéssemos tratado melhor do planeta e de nossos semelhantes. Somos a única espécie que mata por prazer, sequer instintiva é tal ação.
A desinformação continua sobre os mais diversos acontecimentos e a banalização do mal, nos faz acreditar que ele faz parte do que somos. Ainda que tenhamos um discurso incrustado de valores religiosos que abominam a violência, na prática, utilizamos essa mesma religiosidade para atacar e justificá-la. Não quero aqui fazer o papel de inocente em meio a maldade de todos os outros, mas como um homem livre e de bons costumes, luto diariamente para compreender o que me torna distante do que eu realmente deveria e gostaria de ser. Faço isso não apenas por mim, mas por aqueles que carregarão meu nome e minha memória.
Ver vídeos de crianças mortas no conflito entre Israel e o Hamas Palestino, chocam a todos, fazem todos ter opiniões sobre qual lado está certo ou errado, tomando partido de uma guerra distante, mas que acontece também aqui em nosso país sobre outras roupagens. Inocentes morrem todos os dias, isso além de inaceitável, deveria ser combatido, mas parecemos buscar justificativas para o mal. Queremos encontrar um ponto de embate que justifique a violência, mas pasme caro leitor e leitora, nada a justifica. Alguém sempre lucra com a violência, os reais motivos normalmente não são noticiados, sequer percebidos pela grande maioria.
Para piorar a situação, o que é um fato triste, se torna um filme baseado em fatos reais simultâneo aos acontecimentos, onde a plateia assiste atônita o próximo episódio. O sensacionalismo enfraquece a verdade, clama pelo grotesco, pois ele vende mais. Manchetes sensacionalistas evocam o que é de mais selvagem em cada um de nós, desperta a curiosidade, brinca com nossas emoções, informa muito menos do que afeta. Estamos afetados, mas não conscientes.
O Brasil, como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, propôs no último dia 18 de outubro, uma intervenção do Conselho na busca de um cessar-fogo “urgente”, condenando veemente toda violência e hostilidade, mas buscando auxiliar de forma imediata as questões humanitárias. Dos quinze países participantes, 12 votaram a favor, 2 se abstiveram do voto (Reino Unido e Rússia) e um vetou a proposta, já que tem esse poder. Foram os EUA que não aceitaram essa situação.
Enquanto poderosos medem o tamanho de seu poder e a extensão de sua autoridade, inocentes morrem, uns por bombas e armas, outros por fome e sede. E desse lado do mundo, com nossas próprias guerras, assistimos a tudo, como em um filme de guerra, que tanto adoramos. Quando criança, ficava assustado com a ideia do fim do mundo, apreensivo pelo futuro. Hoje, vejo que o fim já começou e assistimos tudo em HD. O fim da humanidade não se trata de todos morrerem, mas do que ela significa.