Dia 02 de abril e o que não te contaram sobre o autismo

Da Redação ·
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Imagem ilustrativa da notícia Dia 02 de abril e o que não te contaram sobre o autismo
fonte: Pixabay

“Está na moda ser autista ou TDAH agora!”. Se você não ouviu essa frase, caro leitor ou leitora, você é um privilegiado. Mas se você não ouviu (e nem disse, assim espero), saiba que essa é a ideia de muitas pessoas por aí, pois acham que assumir publicamente uma deficiência “invisível” é uma forma de ganhar fama e likes – já que tudo hoje gira em torno disso. Entretanto, como um adulto TDAH, pai de uma linda menina TDAH e um adorável menino TEA, preciso de contar algumas coisas que a mídia não mostram sobre essa situação, principalmente no caso do autismo.

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A primeira coisa a dizer é que sim, meu filho parece “normal”, afinal, ele é. Ainda que ele possua estereotipias (movimentos repetitivos “fora de hora”, que o ajudam a se regular), elas são sutis e nada fora do “normal” de crianças super estimuladas de quatro anos. E sim, ele é lindo demais, mas isso nada tem a ver pela presença ou ausência do transtorno, talvez seja a genética da mãe. Mas não, ele não fala AINDA. Temos lutado muito para que ele consiga se comunicar “verbalmente” – de outras formas, é clara a sua comunicação. E isso nada tem a ver com ele ter nascido na época de pandemia, nem mesmo com a simpatia do pintinho, também não é um susto quando bebê... Mas vou te contar que ele fala tanto com aqueles olhinhos amendoados, que palavra nenhuma pode substituir. Há poucos meses, tem conseguido falar bastante coisa, ainda que sejam poucos comandos e muitas palavras soltas. Ouvir “PAPAI” a primeira vez me fez chorar, pois esperava isso há muito tempo.

Sabe quando a criança está naquela fase que te chama de 2 em 2 minutos, e a gente queria um pouquinho de paz? Eu senti isso com a minha filha mais velha que é uma tagarela desde antes de completar um ano, mas tive que esperar quase quatro para sentir isso com meu filho. Entende que o mais simples é uma grande vitória? Quem é pai e mãe, sabe que sempre compartilhamos todos os pequenos e grandes momentos dos nossos filhos, como sentar, engatinhar, começar a andar, correr, falar, escrever e por aí vai. Agora quando se vê (ou sente) que essas etapas não estão na conformidade, a dúvida vem, com ela o medo e depois, o laudo.

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Quando recebemos o laudo de autismo do meu filho, o maior medo não foi sobre o que faríamos agora, mas como ele viveria no futuro. E, devo confessar, isso ainda me move, pois sei que tudo que eu fizer hoje repercutirá no futuro dele. Sendo assim, tudo vale a pena. Cada ida a terapia, cada investimento, seja de tempo ou dinheiro, vale a pena. Mas não se engane, caro leitor e leitora, esse pensamento não é exclusivo dele, afinal, tenho três filhos e o pensamento é o mesmo, o tempo todo. Por isso, falo sempre sobre ser pai, escrevo sobre como gostaria que fosse o mundo para que eles vivam no futuro, escrevo sobre os medos do agora, mas sobre a esperança do amanhã.

Ser pai de uma criança autista é ter os mesmos medos de qualquer pai, nem melhor ou pior, não há nada de glamuroso ou vergonhoso. Então, por que a necessidade de falar tanto sobre o assunto e divulgar isso? Pois além dos meus medos de pai “comum”, preciso lutar contra o preconceito, para que eu saiba que ele estará bem e seguro mesmo longe de mim, pois não posso estar com ele o tempo todo – e não estarei -, então cabe a mim mudar não apenas as condições dele, mas também do mundo a sua volta.

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