Israel e Palestina – O que precisamos saber sobre a guerra?

Da Redação ·
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O conflito entre Israel e Palestinos é um dos mais antigos e complexos do mundo, envolvendo questões históricas, religiosas, políticas e territoriais. Neste artigo, caro leitor e leitora, vou tentar explicar as principais causas e consequências dessa disputa, que já deixou milhares de mortos e feridos ao longo das décadas.

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A nossa pequenez faz com que vejamos pessoas bradando sobre o conflito como se fosse algo simples de ser resolvido, colocando suas próprias questões políticas e religiosas como base. Não se trata de direita ou esquerda – sim, as pessoas estão apelando para isso -, muito menos de uma questão puramente religiosa, mas para entender todo o conflito, precisamos conhecer os envolvidos, as questões históricas e os desdobramentos no último século. 

A perseguição aos judeus

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Na Europa, a perseguição aos judeus é quase inerente a história daquele continente, mas para entender isso, temos de retroceder muito no tempo. Se relembrarmos, o segundo capítulo da Bíblia, Êxodo, narra a fuga dos hebreus do Egito – que dariam origem a diversos povos, incluindo os judeus, que guiados por Moisés retornariam a Canaã, a Terra prometida. Segundo o Antigo Testamento, Abraão teria recebido uma profecia de Deus para buscar a terra prometida, no Vale do Rio Jordão, tendo depois migrado para o Egito, onde se dá o que está narrado em Êxodo. Importante ressaltar que é daí que surge boa parte do discurso pró-Israel contemporâneo, pois seria esse o direito religioso sobre a região, que no século XX já era ocupada por séculos pelos palestinos muçulmanos. 

 Representação de Moisés cruzando Mar Vermelho
Foto por Pixabay
Representação de Moisés cruzando Mar Vermelho
  

A criação de Jerusalém histórico-bíblica foi realizada por Davi (Rei Davi que matou o Gigante Golias) com a conquista de Jebus, capital dos jebuseus. O grande Templo de Jerusalém idealizado por Davi, foi construído por Salomão, seu sucessor, em um período de prosperidade.

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Com o fim do reinado de Salomão, o Reino de Israel foi dividido em dois: Judá e Israel, que foram conquistados por diversos povos, assírios, caldeus, persas, macedônios e, por fim, romanos. Sobre as destruições do Templo de Jerusalém (Salomão), a primeira se deu com a conquista dos caldeus, o que levou também a escravização dos hebreus na Babilônia. Já a segunda, com o domínio do Império Romano em 70 d.C.

Foi no período de domínio romano que, segundo as mais diversas referências, os judeus teriam preferido salvar Barrabás ao invés de Jesus diante de Pôncio Pilatos, uma vez que ele não teria aderido a revolta dos hebreus contra os romanos.

Durante a Idade Média e boa parte da Idade Moderna, seria essa a justificativa da perseguição aos judeus e seu isolamento nos guetos das cidades europeias, o fato de serem considerados deicidas, ou seja, terem sido responsáveis pela morte de Cristo, que também era judeu. Destaco que a Santa Ceia cristã é na verdade uma cerimônia do Pessach (páscoa), que relembrava o período dos hebreus no deserto após a fuga do Egito. Essa visão contrária aos judeus, foi a justificativa para milhares de anos de perseguição, mortes pela Inquisição e isolamento, tanto social como geográfico – mesmo em meio a mesma cidade.

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Já no final do século XIX, os judeus haviam conseguido certo prestígio social, ao menos poucos de seus representantes, principalmente ligados a revolução industrial e ao surgimento de grandes corporações e instituições financeiras. Porém, isso não foi capaz de solucionar os problemas da grande massa de judeus ainda marginalizada e perseguida.

Um exemplo é o caso Dreyfus, que foi um escândalo político e judicial que abalou a França no final do século XIX e início do século XX. Ele envolveu a falsa acusação de traição contra o capitão Alfred Dreyfus, um oficial judeu do exército francês, que foi condenado à prisão perpétua por supostamente passar segredos militares à Alemanha. Mais tarde, descobriu-se que o verdadeiro espião era o major Ferdinand Esterhazy, mas o exército francês tentou encobrir o erro e forjou provas contra Dreyfus. O caso provocou uma grande polêmica na sociedade francesa, dividindo-a entre os que defendiam a inocência de Dreyfus (os dreyfusards) e os que o consideravam culpado (os antidreyfusards). 

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O caso também revelou o forte antissemitismo existente na França, que foi denunciado pelo escritor Émile Zola em sua famosa carta aberta J’Accuse…!, publicada em 1898. Após vários julgamentos e recursos, Dreyfus foi finalmente absolvido e reintegrado ao exército em 1906. O caso Dreyfus é considerado um marco na história dos direitos humanos, da imprensa e da democracia na França.

 Iluminura sobre a Inquisição, por quem judeus eram julgados e queimados
Foto por Reprodução
Iluminura sobre a Inquisição, por quem judeus eram julgados e queimados
  

Se por um lado o antissemitismo estava escancarado em sua versão moderna, surgia também o movimento sionista, que embasado em relatos bíblicos, buscava criar uma terra para os judeus, pois eram ainda uma nação sem Estado, espalhados pelo mundo, desde a Diáspora (dispersão) quando os hebreus fugiram da região da Palestina sob domínio romano, ainda à época de Cristo. O termo “sionismo”, refere-se a “Sião”, que seria a Terra Prometida aos hebreus desde a época de Abraão, já mencionada.

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Quem “morava” na Terra Prometida?

Os muçulmanos também sofreram com perseguições e conquistas ao longo de sua história na região. Eles chegaram à Palestina por volta do século 7 d.C., quando o Islã se expandiu pela região do Oriente Médio. Eles conquistaram a Palestina dos bizantinos, que eram cristãos e governavam a área desde o século 4 d.C. Os muçulmanos estabeleceram a sua religião, cultura e língua na Palestina, mas também permitiram a convivência com outras religiões, como o judaísmo e o cristianismo. A Palestina se tornou parte do califado islâmico, que era uma forma de governo baseada na lei islâmica.

A Palestina permaneceu sob domínio muçulmano por vários séculos, com algumas interrupções causadas pelas invasões dos cruzados europeus, que tentavam retomar a Terra Santa dos muçulmanos. Em 1516, a Palestina foi incorporada ao Império Otomano, que era uma potência muçulmana que controlava grande parte do Oriente Médio, Norte da África e Sudeste da Europa. O Império Otomano manteve a sua soberania sobre a Palestina até o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, quando foi derrotado pelos aliados e teve que ceder os seus territórios para a Grã-Bretanha e a França.

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 Palestinos no início do século XX
Foto por Library of Congress
Palestinos no início do século XX
  

A partir de então, a Palestina passou a ser administrada pelos britânicos, que receberam um mandato da Liga das Nações para governar a região. Nesse período, houve um aumento da imigração judaica para a Palestina, motivada pelo sionismo, um movimento político que defendia a criação de um Estado judeu na Terra Santa. Isso gerou tensões e conflitos entre os árabes palestinos, que eram em sua maioria muçulmanos, e os judeus, que reivindicavam o direito histórico e religioso sobre a mesma terra. 

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Origens do conflito atual na região

O conflito atual tem suas raízes no final do século XIX, quando o movimento sionista começou a promover a imigração de judeus para a Palestina, que na época era uma província do Império Otomano. Os judeus buscavam um lar nacional para fugir das perseguições e discriminações que sofriam na Europa e na Rússia. Os árabes palestinos, que viviam na região há séculos, se opuseram à chegada dos judeus, temendo perder suas terras e sua identidade.

A situação se agravou após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando o Império Otomano foi derrotado e a Palestina passou a ser administrada pelo Reino Unido, sob um mandato da Liga das Nações. Os britânicos prometeram apoiar tanto as aspirações nacionais dos judeus quanto dos árabes, mas não conseguiram conciliar os interesses conflitantes. Em 1917, o ministro britânico Arthur Balfour declarou que o governo britânico via com “favor a criação na Palestina de um lar nacional para o povo judeu”, mas sem prejudicar os direitos dos árabes. Essa declaração ficou conhecida como Declaração Balfour e foi considerada pelos sionistas como um reconhecimento de seu direito à Palestina

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A imigração judaica para a Palestina aumentou nos anos seguintes, especialmente após a ascensão do nazismo na Alemanha e o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que matou cerca de seis milhões de judeus na Europa. Os árabes palestinos reagiram com revoltas e ataques contra os judeus e os britânicos, que por sua vez reprimiram com violência. Em 1937, uma comissão britânica propôs a partição da Palestina em dois Estados, um judeu e outro árabe, mas a ideia foi rejeitada pelos árabes.

Em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial, os britânicos decidiram entregar o problema da Palestina para as Nações Unidas, que criaram uma comissão especial para estudar o caso. A comissão recomendou a divisão da Palestina em dois Estados independentes, um judeu e outro árabe, com Jerusalém sob controle internacional. A Assembleia Geral da ONU aprovou essa proposta em 29 de novembro de 1947, com 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções. Os judeus aceitaram o plano de partilha, mas os árabes o rejeitaram.

A guerra de 1948 e seus desdobramentos

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Em 14 de maio de 1948, os líderes judeus proclamaram a independência do Estado de Israel, seguindo as fronteiras estabelecidas pela ONU. No dia seguinte, cinco países árabes vizinhos (Egito, Síria, Líbano, Jordânia e Iraque) invadiram Israel, iniciando a primeira guerra árabe-israelense. A guerra durou até 1949 e terminou com a vitória de Israel, que ampliou seu território em relação ao plano de partilha da ONU. A Jordânia ficou com a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, enquanto o Egito ficou com a Faixa de Gaza. O Estado árabe previsto pela ONU não foi criado e cerca de 700 mil palestinos se tornaram refugiados em países vizinhos ou em campos da ONU.

Nos anos seguintes, Israel enfrentou novas guerras contra os países árabes em 1956 (Crise de Suez), 1967 (Guerra dos Seis Dias) e 1973 (Guerra do Yom Kippur). Nessas guerras, Israel conseguiu manter sua existência e conquistar novos territórios: as colinas de Golã (da Síria), a península do Sinai e a Faixa de Gaza (do Egito) e a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (da Jordânia). Esses territórios passaram a ser ocupados por Israel, que começou a construir assentamentos judaicos neles, contrariando as resoluções da ONU e o direito internacional.

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 Guerra do Yom Kippur (1973)
Foto por Reprodução
Guerra do Yom Kippur (1973)
  

A ocupação israelense provocou a resistência dos palestinos, que passaram a reivindicar seu direito à autodeterminação e à criação de um Estado independente. Em 1964, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que reunia vários grupos nacionalistas e socialistas. Yasser Arafat não estava entre os membros fundadores, mas foi um dos principais responsáveis pela criação do Al Fatah – Movimento de Libertação Nacional da Palestina. A OLP adotou inicialmente uma estratégia de luta armada contra Israel, realizando atentados, sequestros e guerrilhas. Em 1974, a OLP foi reconhecida pela ONU como a representante legítima do povo palestino.

Em 1987, teve início a primeira Intifada, uma revolta popular dos palestinos contra a ocupação israelense, que durou até 1993. A Intifada envolveu manifestações, greves, boicotes e confrontos com as forças de segurança israelenses. Em 1988, a OLP declarou a independência do Estado da Palestina, seguindo as fronteiras de 1967, mas sem o reconhecimento de Israel.

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O processo de paz e seus obstáculos

Em 1991, após o fim da Guerra Fria e da Guerra do Golfo, os Estados Unidos promoveram uma conferência de paz em Madri, que reuniu Israel e vários países árabes. A conferência abriu caminho para negociações secretas entre Israel e a OLP na Noruega, que resultaram nos Acordos de Oslo, assinados em 1993. Os acordos previam o reconhecimento mútuo entre Israel e a OLP, o fim do terrorismo e da violência, a retirada gradual de Israel dos territórios ocupados e a criação de uma Autoridade Nacional Palestina (ANP) para administrar temporariamente esses territórios até a definição final do status da Palestina.

Os Acordos de Oslo foram considerados um marco histórico no processo de paz entre israelenses e palestinos, mas enfrentaram muitas dificuldades para serem implementados. Alguns dos principais obstáculos foram:

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- A continuidade da construção de assentamentos judaicos nos territórios ocupados por Israel, que reduziram o espaço e os recursos dos palestinos e aumentaram as tensões entre as comunidades.

- A persistência de atos de violência e terrorismo de grupos radicais palestinos contra civis israelenses, que minaram a confiança e a segurança entre as partes.

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- A falta de consenso sobre questões-chave para a solução definitiva do conflito, como o status de Jerusalém, o destino dos refugiados palestinos e as fronteiras do Estado palestino.

- A oposição interna de setores extremistas tanto em Israel quanto na Palestina aos acordos de paz, que culminou com o assassinato do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin em 1995 por um fanático judeu.

Em 2000, o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton tentou mediar uma cúpula entre o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e o líder palestino Yasser Arafat em Camp David, mas as negociações fracassaram. Pouco depois, teve início a segunda Intifada, uma nova onda de violência entre israelenses e palestinos, que durou até 2005. A segunda Intifada foi mais sangrenta que a primeira e envolveu ataques suicidas palestinos contra alvos israelenses e operações militares israelenses contra alvos palestinos.

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Em 2002, a Liga Árabe propôs uma iniciativa de paz baseada na troca de terras por paz: os países árabes reconheceriam Israel em troca da retirada israelense dos territórios ocupados desde 1967 e da criação de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital. Israel não aceitou a proposta.

Ainda em 2002, Israel iniciou a construção de um muro de separação na Cisjordânia, alegando motivos de segurança. O muro, que tem mais de 700 km de extensão e cerca de 8 metros de altura em alguns trechos, corta terras palestinas e isola vilarejos, escolas, hospitais e campos agrícolas. Os palestinos denunciam o muro como uma violação de seus direitos humanos e uma tentativa de anexação de seus territórios. A Corte Internacional de Justiça considerou o muro ilegal em 2004, mas Israel não acatou a decisão.

A retirada de Gaza e o surgimento do Hamas

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Em 2005, o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon decidiu retirar unilateralmente as tropas e os colonos israelenses da Faixa de Gaza, um território palestino ocupado por Israel desde 1967. A retirada foi vista como uma concessão aos palestinos, mas também como uma forma de consolidar o controle israelense sobre a Cisjordânia.

Em 2006, nas primeiras eleições legislativas palestinas após a retirada de Gaza, o grupo islâmico Hamas venceu o partido Fatah, que liderava a Autoridade Nacional Palestina (ANP) desde 1994. O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, por defender a destruição de Israel e realizar ataques armados contra civis israelenses. O Hamas também se opõe aos acordos de paz assinados entre Israel e a OLP em 1993 (Oslo) e 1995 (Taba).

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A vitória do Hamas levou a uma crise política entre os palestinos, que resultou em uma guerra civil entre o Hamas e o Fatah em 2007. O Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, enquanto o Fatah ficou com a Cisjordânia. Desde então, os palestinos estão divididos entre dois governos rivais: o da ANP na Cisjordânia, reconhecido internacionalmente como representante legítimo do povo palestino, e o do Hamas em Gaza, isolado diplomaticamente e sob bloqueio econômico.


As guerras de Gaza e as tentativas de paz

A partir de 2008, Israel e Hamas entraram em uma série de conflitos armados na Faixa de Gaza, que deixaram milhares de mortos e feridos, principalmente do lado palestino. Os principais episódios desses confrontos foram:

- A Operação Chumbo Fundido (2008-2009), iniciada por Israel após o fim de uma trégua com o Hamas e o aumento dos disparos de foguetes contra Israel. A operação durou 22 dias e matou mais de 1.400 palestinos e 13 israelenses.

- A Operação Pilar Defensivo (2012), iniciada por Israel após o assassinato do líder militar do Hamas Ahmed Jabari. A operação durou oito dias e matou mais de 170 palestinos e seis israelenses.

- A Operação Margem Protetora (2014), iniciada por Israel após o sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses na Cisjordânia. A operação durou 50 dias e matou mais de 2.200 palestinos e 73 israelenses.

- A Operação Guardião das Muralhas (2021), iniciada por Israel após o aumento das tensões em Jerusalém, onde os palestinos protestavam contra as ameaças de despejo de famílias palestinas de um bairro em Jerusalém Oriental e contra a repressão policial israelense durante o mês sagrado do Ramadã. A operação durou 11 dias e matou mais de 250 palestinos e 13 israelenses.

 Conflito na Faixa de Gaza
Foto por Pixabay
Conflito na Faixa de Gaza
 

Em todos esses casos, a comunidade internacional interveio para mediar um cessar-fogo entre as partes, mas sem avançar na solução definitiva do conflito. As tentativas de retomar as negociações de paz entre Israel e Palestinos esbarraram em vários obstáculos, como a continuidade da expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, a falta de unidade entre os palestinos, a recusa do Hamas em reconhecer Israel, a mudança da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo a cidade como capital de Israel, e a ausência de uma liderança forte e confiável de ambos os lados.

A perspectiva atual e os desafios futuros

O conflito entre Israel e Palestinos parece estar longe de uma solução pacífica e duradoura. A violência persiste na região, alimentada pelo ódio, pelo medo e pela desesperança. Os direitos humanos são violados constantemente, tanto pelos ataques indiscriminados do Hamas contra civis israelenses, quanto pelas operações desproporcionais de Israel contra civis palestinos. A situação humanitária é crítica, especialmente na Faixa de Gaza, onde a população sofre com a pobreza, o desemprego, a falta de água, energia, saúde e educação.

A solução de dois Estados, que prevê a criação de um Estado palestino independente e soberano ao lado de Israel, com fronteiras baseadas nas linhas de 1967 e com Jerusalém como capital compartilhada, é considerada pela maioria da comunidade internacional como a mais justa e viável para o conflito. No entanto, essa solução enfrenta muitas dificuldades para se concretizar, como a resistência dos colonos israelenses em deixar seus assentamentos na Cisjordânia, a divisão dos palestinos entre o Hamas e o Fatah, a falta de confiança entre as partes e a influência de atores regionais e internacionais que têm interesses divergentes na região.

Para que o conflito possa ser resolvido, é preciso que haja uma vontade política genuína de ambas as partes em reconhecer os direitos e as aspirações do outro, em renunciar à violência e ao extremismo, em dialogar com honestidade e respeito, em cumprir os acordos firmados e em aceitar as resoluções da ONU e o direito internacional. Além disso, é preciso que haja uma pressão efetiva da comunidade internacional para que as partes cumpram suas obrigações e para que sejam responsabilizadas por seus atos. Somente assim será possível alcançar uma paz justa e duradoura entre Israel e Palestinos.

A situação atual do conflito entre Israel e Palestinos é de grande tensão e violência, que já deixou centenas de mortos e milhares de feridos desde o início de maio de 2021, piorando muito nos últimos dias. O conflito tem origem em disputas históricas, religiosas, políticas e territoriais, que se agravaram com as ameaças de despejo de famílias palestinas de um bairro em Jerusalém Oriental, considerado sagrado por judeus, cristãos e muçulmanos. A repressão policial israelense aos protestos palestinos durante o mês sagrado do Ramadã também foi um fator de combustão.

O grupo extremista islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou milhares de foguetes contra Israel, que respondeu com ataques aéreos e terrestres contra alvos militares e civis em Gaza. O conflito também provocou confrontos entre árabes e judeus dentro de Israel, além de manifestações de solidariedade aos palestinos em vários países do mundo, bem como a israelenses. 

Ontem, dia 10 de outubro de 2023, Joe Biden – presidente dos Estados Unidos - afirmou que está ao lado de Israel, apoiando a reação militar do que chamou de “ato de pura maldade” do Hamas. A fala do presidente norte americano, se deu após uma ligação com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. De uma forma ou de outra, esse conflito ainda está longe de seu fim.

Os usos políticos dessa guerra vão muito além do Oriente Médio. Que possamos compreender que não se trata neste momento de simplesmente abraçar este ou aquele lado, pois enquanto políticos do mundo todo disputam a narrativa da guerra, inocentes morrem em uma terra que deveria ser sagrada. A região é disputada há milhares de anos, mas em meio a interesses de poderosos, pessoas comuns, assim como eu e você, morrem. Não é possível afirmar com precisão quem é o “certo” neste conflito, uma vez que Israel vem há anos usurpando direitos sociais e até mesmo humanitários dos palestinos, que por sua vez, tem atacado civis durante o conflito. Destaco que quando falamos Israel e a Palestina, não estamos falando dos cidadãos comuns, que tem sua vida transformada com o som de sirenes de alerta de misseis.

A guerra é tão antiga quanto a própria história da região, são seres humanos que se odeiam por fatos que ocorreram antes mesmo de seus nascimentos, o que não significa que não sintam seus efeitos até hoje. Que um dia a Terra Prometida seja repleta de “leite e mel” ao invés do sangue que hoje corre por suas valas empoeiradas. Não por Israel, nem mesmo pelos palestinos, mas pela humanidade, que parece fazer cada vez menos sentido.