De uns tempos para cá, tenho me arriscado a escrever mais com o coração do que com a cabeça, não sobrepondo um ao outro, mas entendendo suas especificidades. Claro que algumas vezes, mostro minha tecnicidade e formação para temas ligados a política, sociedade e história. Entretanto, caro leitor e leitora, é impossível ser isto ou aquilo, sou um apaixonado pelo que faço e faço com paixão. E quando se age com paixão, se fica exposto, vulnerável, aberto ao abraço ou a facada, seja sobre textos, amizades ou o que quer que seja.
Uma das pessoas que mais admiro como ser humano, professor, amigo e Irmão, que considero como um tonel de conhecimento e didática, sempre me diz o que achou dos textos. Assim que o vejo, andando com seu jeitinho único de ser, marcado pelo peso árduo caminho que percorreu ou pela serenidade que a experiência lhe trouxe, digo em alto e bom tom: “Amado mestre! Leu o meu texto?”, que sempre responde afirmativamente, dizendo ser a primeira coisa que fez pela manhã. Quero saber sempre sua opinião, como um filho que pede aprovação de seu pai, como um aluno que quer ser notado pelo professor, como um aprendiz que quer ser digno do mestre.
Na última semana, em um papo informal – que nunca perde a formalidade pela sua presença -, ele me disse que uma frase por mim dita na sala dos professores, o fez refletir algumas situações em sua vida. Não consigo esconder o riso de canto de rosto quando escrevo essa parte, pois para mim, soou como uma confirmação de que algo em mim estava certo. Essa aprovação, muito além do texto e sua estrutura, caiu como um raio de luz em um dia nublado sobre minha cabeça.
Ora, será que podemos impactar aqueles que nos impactam? O circuito linear agora era um círculo, que reinicia sempre no mesmo ponto, que se renova a cada giro, expande em torno de si mesmo. Parei para pensar para quem escrevo meus textos, uma vez que os chamo de “caros leitores e leitoras”, mas não possuem rosto ou nome. Entendi que escrevo o que tenho a dizer a mim mesmo, aquilo que preciso ouvir e ler, mas quem sabe, possa tocar alguém que precise do mesmo conteúdo. Não falo com soberba, como quem diz carregar a verdade, mas sobre identificar a dúvida que nos move e se faz tão necessária, para podermos nos enxergar além do espelho.
Suas falas, Professor Zumas, são para mim sempre muito mais do que um incentivo, são o alimento que preciso para continuar. Talvez não haja razão qualquer em escrever aqui todas as semanas, talvez meus textos sejam retóricas infinitas de um infinito que existe em mim, mas saber que alguém o lê, para além de suas palavras dispersas, me faz querer continuar.
Como sempre digo e ensinei a todos os alunos, “é uma honra e um privilégio dividir o tempo e o espaço com o senhor”. Quero deixar isso sempre marcado em seu coração e mente, pois o mundo reserva suas homenagens aos que já não podem ver e ouvi-las. E digo isso, pois o seu impacto é tão grande na vida de milhares de pessoas que tiveram a honra de conviver com você, que é necessário frisar a “honra e o privilégio”. Hoje não é seu aniversário, muito menos sua aposentadoria – que se Deus permitir, tardará mais alguns bons anos -, mas é sempre bom dizer e valorizar aquele que se faz tão importante em nossas vidas.
Obrigado por ler, sentir e se permitir impactar por minhas linhas tortas, que são também reflexos do impacto que recebo de quem agora lê.