Na última semana tive a oportunidade de realizar uma viagem com a minha família, o que possibilitou criar memórias maravilhosas e nos unir ainda mais. Foi a primeira vez dos pequenos em uma viagem longa e, sem dúvidas, guardarão para sempre essas lembranças, até porque as milhares de fotos e vídeos do pai aqui ajudarão bastante. Entretanto, esse texto não é sobre o destino, mas sobre a viagem e, como gosto, de como podemos relacionar isso a nossa vida.
Eu prefiro dirigir durante a madrugada, tanto pelo frescor da noite como pelo tráfego mais tranquilo. Além disso, as crianças sentem menos o estresse, já que dormem a maior parte do percurso. Contudo, recebi tantos conselhos de como isso era perigoso e errado, que decidi fazer uma reflexão sobre isso. Na vida, todos seguiremos a mesma estrada, ainda que muitos sigam em ritmos diferentes. Alguns decidem parar no primeiro posto de gasolina, com insegurança de não encontrar outro ao longo do caminho, outros usam até a última gota na aventura e no risco.
Alguns usarão apenas a pista rápida, ultrapassando até mesmo os limites de velocidade, já outros, seguem atrás de caminhões por quilômetros. E por fim, chegamos no meu ponto, alguns viajam pela manhã, outros depois do almoço e, assim como eu, alguns preferem a madrugada. Cada escolha não altera o destino, mas como chegaremos lá.
Muitas pessoas tem o costume de usar suas vidas como referências para toda e qualquer situação, como se suas experiências fossem as únicas válidas. O problema aqui não é ela acreditar nisso, mas como isso pode ou não nos afetar. Somos bombardeados por perguntas, que encobrem cobranças, sobre quando faremos isso ou aquilo, quando teremos, quando compraremos, quando iremos e quando... quando... quando. Sempre acompanhado de um conselho pessoal de como foi bom para quem fala.
Se você conhece alguém que se tornou bem sucedido (financeiramente – e nem sempre é o que importa) com apenas vinte e poucos anos, outros se tornaram milionários aos 50. Alguém se casou aos 19 e teve um relacionamento para a vida toda, outros se casam aos 40 e tem a mesma sorte. Tempo é só um elemento a mais na miscelânia da vida. Não existe tempo certo para fazer nada.
No fim, os conselhos não são dados por mal – na maioria das vezes -, mas podem nos dar uma sensação de insuficiência diante dos modelos mostrados. Como disse o Chorão uma vez, “o Fusca te leva ao mesmo lugar que uma BMW”, e posso dizer mais, afinal, de fusca se tem mais tempo para admirar o caminho. Claro que de BMW a viagem é mais confortável, assim como a vida é muito mais fácil para algumas pessoas privilegiadas, mas todo mundo pode furar um pneu de vez em quando.
Faça a sua viagem da vida no seu ritmo e pegue a estrada sempre no seu momento, nunca se prenda nos conselhos de quem pode até querer o seu bem, mas não entende que o caminho é só seu e de quem está no carro com você. Por fim, quem viaja de dia pode até olhar mais para o cenário, mas as luzes da estrada só brilham a noite, então é tudo uma questão de ponto de vista. Às vezes quem sai de manhã pega engarrafamento, já que muitos ouviram o mesmo conselho. Escolha bem seu horário.