Dois dos maiores bandidos da história do Paraná, Geraldo Fonseca de Souza, o “Diabo Loiro”, e Luiz Fernandes, o “Carne Seca”, povoam o imaginário dos moradores mais antigos de Apucarana e do Norte do Paraná até hoje. A dupla liderou um grupo criminoso nos anos 1950 que chegou a ser comparado, em menores proporções, é claro, ao bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o Rei do Cangaço. Veja vídeo abaixo.
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Os dois bandidos eram temidos pela população por conta da violência empregada em roubos em todo Norte do Paraná. Os relatos deram fama aos bandidos, mas nem sempre eram fiéis aos fatos. A quadrilha foi apontada como autora de pelo menos 360 crimes, incluindo homicídios, roubos, golpes e assaltos em cidades do norte e noroeste do Paraná, que teriam rendido 10 milhões de cruzeiros, segundo a polícia, na época.
O jornalista Donizete Oliveira, estudioso da história da região, conta que "Diabo Loiro" foi um dos seis presos sobreviventes de uma fuga em massa do Instituto Correcional da Ilha Anchieta, em Ubatuba, no Litoral de São Paulo, em 1952. Dos 129 fugitivos, 108 foram recapturados e 15 morreram.
Famoso nacionalmente, ele veio para o Norte do Paraná, onde encontrou Carne Seca e outros criminosos, como "Sete Dedos". Carne Seca chegou a morar em Apucarana, além de inúmeras outras cidades do Norte do Paraná, e também ganhou importância no bando, que começou a praticar inúmeros crimes em toda a região.
Donizete lembra que a dupla começou praticando roubos e sequestros nas rodoviárias da região. Ele se fingiam de donos de sítios à venda para enganar compradores. “Naquela época, as pessoas andavam com malas de dinheiro para comprar as propriedades”, explica. "Assim, acabavam sendo alvo fácil dos criminosos", acrescenta.
Depois, eles começaram a atuar em arrombamentos de relojoarias e bancos. Mais para o final da trajetória, passaram a praticar crimes mais violentos, como homicídios e estupros. Entre os casos mais conhecidos estão o estupro e assassinato de uma estudante em São Jorge do Ivaí, o estupro e o assassinato de uma enfermeira em Mandaguaçu e o assassinato de um comerciante em Jussara, além de inúmeros assaltos em Mandaguari, Astorga, Arapongas e Apucarana.
No entanto, muitos fatos viraram lenda e nem tudo que falaram sobre os dois era verdade. “Foi criado um mito que eles eram matadores de crianças, por exemplo. Isso passava de boca a boca pela população. As pessoas colocavam travas nas portas e janelas, até panelas eram amarradas na porta para dar sinal de alerta em caso de invasão. Eles espalhavam o medo e o terror. Foi criada uma fama muito grande”, explica Donizete.
Um dos crimes de maior repercussão foi a morte de uma enfermeira do Hospital São Lourenço, de Mandaguaçu, em 1953. Ela foi estuprada e morta a marteladas. O corpo foi encontrado no porão do hospital. A dupla foi julgada e condenada a 30 anos de prisão por esse crime. Eles foram presos em 1958 na cidade de Bela Vista do Paraíso, onde estavam escondidos.
Diabo Loiro e Carne Seca ficaram presos em Maringá e foram julgados em Mandaguaçu. Depois, eles teriam sido levados até o governador Moysés Lupion, em Curitiba. Testemunhas da época dizem que o governador queria ver pessoalmente os famosos bandidos no Paraná. Eles cumpriram a pena da capital, mas há relatos de fugas e de novos envolvimentos com a criminalidade. No entanto, não há maiores informações após a saída da dupla da cadeia.
Ao longo da história do Paraná, no entanto, outros bandidos também ficaram conhecidos como "Diabo Loiro" e "Carne Seca", talvez por inspiração da dupla famosa. Há registros de prisões de assaltantes com os mesmos apelidos, mas nomes diferentes, em jornais antigos.
Veja a entrevista com o historiador:
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