Um estudo realizado em 2018 pela “Paraná Projetos” apontou o potencial turístico do Vale do Ivaí, com destaque para três eixos: turismo rural (focado na agricultura familiar), o turismo religioso e o turismo de aventura. Pouco mais de quatro anos depois – e uma pandemia de covid-19 no período-, o setor começa a se fortalecer na região, principalmente desde o começo deste ano, com o fim das restrições sanitárias. Investidores privados e prefeituras perceberam que o investimento nessa área pode trazer grandes resultados para as economias locais, muitas ainda totalmente dependentes da agricultura. Desde o começo do ano, o calendário de eventos foi retomado no Vale do Ivaí e muitos empreendedores passaram a investir em seus negócios para atrair o crescente número de turistas e visitantes.
Com 4.121 habitantes, segundo a última estimativa IBGE, Rio Branco do Ivaí é um exemplo. O município decidiu apostar no turismo de aventura e sonha alto: quer se tornar uma referência no balonismo.
Um primeiro ensaio para esse projeto foi realizado nos dias 4 e 5 de setembro deste ano, com uma apresentação desse esporte. O secretário de Indústria, Comércio e Turismo, José Manoel da Silva Junior, afirma que o município reúne condições para receber adeptos do balonismo por conta das belezas naturais locais, principalmente ligadas ao terreno acidentado do município – a altitude varia de 500 metros a 1.040 metros acima do nível do mar. Nas viagens aéreas, os praticantes podem contemplar, por exemplo, a cachoeira Véu de Noiva, a Pedra do Cavalinho (na divisa com Grandes Rios) e o Rio Ivaí.
Em 2023, a intenção é realizar o 1º Festival de Balonismo de Rio Branco do Ivaí. “Nosso objetivo é trazer entre 10 a 15 balões para o município. O evento será realizado entre os dias 28 e 30 de abril de 2023. Queremos nos tornar referência regional e até estadual na área”, afirma o secretário, destacando que o prefeito Pedro Taborda (MDB) é um entusiasta nessa proposta de turismo de aventura.
Além do balonismo, Rio Branco do Ivaí quer atrair praticantes de base jump, que consiste em saltos de paraquedas de penhascos e outros locais inusitados. O município não para aí. O cicloturismo também é foco do projeto, com programação de eventos para 2023.
Na vizinha Rosário do Ivaí, de 4.595 habitantes, a empreendedora Sandra Mara Simigni de Araújo começa colher os frutos do turismo regional. Dona de uma pousada rural em uma região privilegiada, repleta de morros e belos cenários, ela está investindo no empreendimento por conta do aumento da procura em 2022.
“Nós atuamos na modalidade de turismo rural e estamos ampliando a estrutura. Tínhamos apenas um chalé e agora estamos construindo mais dois, que estão praticamente prontos”, conta. A Pousada Sítio Pé de Serra, administrada juntamente com o marido, fica em uma propriedade de 21 alqueires. A estrutura conta com quiosques e uma pequena piscina, mas os xodós são o “cochilódromo”, que fica embaixo de uma árvore, e o “balanço do infinito”, em uma parte alta da propriedade.
“As pessoas buscam paz e sossego junto à natureza, mas há também opção de um camping radical junto às montanhas”, conta. Ela afirma que a maioria dos visitantes vêm de Londrina, Arapongas, Apucarana e Maringá, além de outras cidades da região.
Momento é de retomada do setor, afirma Amuvitur
A secretária da Associação dos Municípios do Vale do Ivaí – Turismo (Amuvitur), Andreia Rinaldo, de Apucarana, afirma que o setor vive um momento de retomada após a pandemia de covid-19, que paralisou as atividades na área e brecou o planejamento dos municípios e também muitos investimentos.
Com o fim das restrições, o calendário de eventos começou a ser reorganizado e, em 2022, muitas atividades já foram realizadas. “O turismo vive uma fase de crescimento, sem dúvida. Como as pessoas ficaram muito isoladas na pandemia, elas agora estão procurando sair de casa, mas como uma diferença: estão preferindo roteiros regionais, mais próximos de suas casas, especialmente em locais abertos e eventos ao ar livre”, assinala.
Andreia Rinaldo afirma que o Vale do Ivaí tem opções das mais diversas, desde festas religiosas, festas municipais (retomadas em 2022), turismo de aventura e caminhadas ecológicas, além das belezas naturais, entre outros inúmeros atrativos.
“Há um potencial enorme no Vale do Ivaí. A principal diferença é que os visitantes querem agora fazer o chamado turismo de experiência”, explica.
Ela firma que a Amuvitur tem um projeto em andamento nesse sentido, unindo turismo de experiência e turismo de negócios. “Queremos, por exemplo, mostrar o que é produzido no Vale do Ivaí. As balas de banana de Novo Itacolomi, por exemplo. As pessoas poderão conhecer o processo de fabricação. Isso vai movimentar o negócio e também atrair visitantes aos municípios”, analisa.
Região foi incluída em programa de turismo inteligente
O turismo regional também deve ganhar diferencial com projeto Destinos Turísticos Inteligentes, desenvolvido pelo Ministério do Turismo, em parceria com Sebrae, que vai mapear atrativos e auxiliar seis municípios na formatação de uma abordagem turística comprometida com pilares que impactam positivamente a qualidade de vida dos moradores e a experiência dos turistas.
No Vale do Ivaí, o programa selecionou os municípios de Apucarana, Ivaiporã, Jandaia do Sul, Lunardelli, Faxinal e Jardim Alegre para integrar o projeto-piloto. São trabalhador 4 pilares: governança, tecnologia, experiência turística e desenvolvimento sustentável. As cidades participantes que cumprirem em pelo menos 80% dos planos de transformação vão receber o selo DTI (Destinos Turísticos Inteligentes) do Ministério do Turismo. A certificação proporciona benefícios, como o reforço da promoção internacional e a possibilidade de investimentos externos.
Por, Fernando Klein