Os produtores de uvas de mesa, em Jandaia do Sul, no norte do Paraná, estão em ritmo intenso de colheita nessa semana, para abastecer o mercado para a tradicional ceia natalina. Embora a cultura tenha perdido espaço nos últimos anos, o município ainda figura entre os dez maiores produtores de uvas no Paraná, com uma média de 1,3 mil toneladas por safra e espera retomar o caminho da produção.
“A maioria das áreas já está na fase final de colheita. O pico da safra é sempre nesses dias de dezembro, perto do Natal”, explica José Luiz de Oliveira, que preside a Cooperativa dos Viticultores de Jandaia do Sul (Cooperviti), que também é produtor de maracujá. Enquanto em outras regiões produtoras - caso de Rosário do Ivaí, também no Vale do Ivaí -, houve um pequeno atraso na safra de fim de ano, por causa das frentes frias registradas em outubro e novembro -, em Jandaia do Sul a safra está na reta final. Nessa semana, os produtores estão colhendo as frutas que estarão nas mesas das tradicionais ceias natalinas.
William Cezar Sverzut está com trabalho redobrado nesta semana para atender os pedidos do mercado. Sverzut tem perto de nove hectares de uvas, das variedades Itália, como rubi, benitaka e Brasil, entre outras, todas uvas de mesa. Ontem, ele teve que colocar mais gente na colheita por conta de pedidos antecipados. “Eu tinha pedidos certos para terça-feira (20), mas foram antecipados porque está faltando uvas no mercado para atender a demanda toda”, diz.
O produtor deve fechar a safra com uma produção total na casa de 100 toneladas. Os preços, que já estiveram na casa de R$ 7/kg nas primeiras semanas, estão agora na casa de R$ 5.
Antônio Carrasco, por sua vez, é um dos produtores mais tradicionais da cidade, com parreirais com mais de 20 anos de produção. Ele tem uma área de quatro hectares e estima que a safra deva render, no total, perto de 70 toneladas. Embora admita que os preços pagos ainda estão atraentes, reclama da dificuldade de comercialização. Como todos os demais produtores do município, negocia com atravessadores, os “mateiros”, como ele chama, para colocar as uvas no mercado. “Se tivesse como vender direto no mercado, poderia render mais”, especula Carrasco, que usa um atravessador de Marialva, município que mais produz uvas no Paraná.
COOPERATIVA
O presidente da Coperviti, José Luiz de Oliveira espera que a produção de uvas no município volte ao seu melhor momento, vivido há quase 10 anos, quando eram perto 60 produtores, mais do que o dobro dos atualmente em atividade. Muitos deixaram a cultura ou reduziram a área plantada. Oliveira, por exemplo, substituiu as uvas por maracujá, há alguns anos.
A Coperviti foi criada na melhor época da produção local, por volta de 2009/2010. Porém, a cooperativa, atualmente, é composta basicamente por produtores de olerícolas e alguns poucos produtores de frutas.
Situação que Oliveira espera reverter em 2023, quando a cooperativa terá em funcionamento uma câmara fria e um caminhão próprio. Com esses investimentos, viabilizados mediante convênio de R$ 562 mil com o Governo do Estado e prefeitura de Jandaia do Sul, a cooperativa espera poder, finalmente, trabalhar com os produtores de uvas na comercialização da produção local, eliminando a dependência dos atravessadores.“Quase não temos mais produtores de uvas no grupo”
- José Luiz de Oliveira, Coperviti
Por, Claudemir Hauptmann