Produtores de Mauá da Serra esperam prejuízos "dramáticos" com granizo

Autor: Da Redação,
terça-feira, 18/10/2022
Os produtores de hortaliças, em especial, esperam impactos "dramáticos" na atividade

Dezenas de produtores rurais da região de Mauá da Serra passaram a terça-feira (18) tentando dimensionar o impacto da chuva de granizo que assolou diversos pontos do município no final da tarde desta segunda-feira (17). Os produtores de hortaliças, em especial, esperam impactos "dramáticos" na atividade. Além do susto com o temporal, com muitos raios e trovões, muitos agricultores tiveram prejuízos por conta da quantidade de pedras de gelo, que destruiu plantações a céu aberto de folhosas e também estufas, principalmente de tomates. Veja os estragos no vídeo abaixo. 

Mauá da Serra, que fica no norte do Estado, há 315 quilômetros de Curitiba, concentrou alguns dos piores trechos da chuva de granizo. As áreas mais afetadas ficam nas proximidades das rodovias PR 445 (sentido Tamarana), PR 082 (sentido Faxinal) e na BR 376 (sentido capital). Inclusive nessas rodovias, no horário mais forte do temporal, por volta das 18h15, muitos motoristas que estavam nas rodovias precisaram parar e buscar abrigo, por falta de visibilidade e pelos riscos com o granizo, que deixou a pista ainda mais perigosa.

Um desses motoristas foi o agricultor Carlos Roberto da Silveira Costa, que estava com a esposa Kelli Caroline, retornando de Faxinal pela PR 082. “Foi desesperador”, relata a esposa, referindo a violência da chuva de granizo. Eles retornavam de visitas a propriedades na região de Faxinal e precisaram buscar abrigo sob árvores na beira da estrada. “Não tinha como entrar na propriedade porque os carros foram parando na rodovia, por causa da chuva. E não conseguimos sair dali na hora”, disse. 

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Já Carlinhos, o esposo, mais do que medo do temporal, diz que a angústia desde o começo do granizo foi com as perdas nas lavouras. E ele estava correto na preocupação. Na manhã desta terça-feira, após um rápido giro nas propriedades da região, imagina que o volume de perdas será “altíssimo”. Segundo ele, a maioria dos plantadores de folhosas na região devem sofrer perdas consideráveis. “Alguns, terão perda total”, estima.

Carlinhos ainda não dimensionou o tamanho exato de seu prejuízo. Ele tem cinco alqueires plantados com repolho, brócolis e cenoura. Calcula que pelo menos 80% da área foi perdida por causa da chuva de granizo. “Vamos fazer uma catação para ver o que sobrou das culturas”, diz, em tom de angústia.

Em outra área, Carlinhos perdeu pelo menos 4.400 metros quadrados de estufas com plantio de tomate. Das 40 estufas que ele mantém, pelo menos quatro delas foram totalmente destruídas e outras danificadas parcialmente. Além de perder a cultura nessas estufas, ele perdeu também os investimentos na estrutura. “Ainda vamos calcular as perdas”, diz.

Um dos maiores produtores de Mauá da Serra, Ederson Pereira, desanimado com os danos causados pelo temporal, diz que só conseguirá dimensionar o prejuízo nas lavouras dentro de uma semana. Ele passou a terça-feira (18) percorrendo as lavouras, entre Marilândia do Sul e Mauá, para verificar a extensão dos danos. Inicialmente, diz que o repolho mais antigo, que já estava pronto para a colheita, foi totalmente perdido.    

“Já o repolho mais novo, devo perder a metade da lavoura”, completa. “A cenoura e a beterraba sofreram menos pelo estágio da lavoura. Mas chutando por baixo, vou perder 30% delas”

- Ederson Pereira, produtor

Ederson e Carlinhos tem algo em comum, nesse momento. Ambos evitavam até arriscar o tamanho do prejuízo em dinheiro. “É muito delicado falar de valores agora. Vamos ter que ver. Mas as perdas serão grandes. Dá até medo de calcular”, diz Carlinhos. Ederson, por sua vez, usa o mesmo argumento. “Ainda é cedo para dizer o quanto perdemos”, afirma, quando perguntando sobre o tamanho do prejuízo em reais. 

ÓRGÃOS PÚBLICOS MOBILIZADOS

 O secretário de Agricultura de Mauá da Serra, Paulo Lourenço, diz que a administração municipal está iniciando um levantamento no município para mapear as áreas mais atingidas e ver, posteriormente, o que pode ser feito. “O que podemos dizer, com certeza, até agora, é que a coisa foi feia para os produtores”, afirmou, na manhã desta terça-feira (18).

Lourenço explica que além dos produtores de olerícolas, o município já vinha monitorando parte dos produtores de aveia e trigo, que não está conseguindo concluir a colheita por conta das chuvas dos últimos dias.

O economista rural do Departamento de Economia Rural (Deral), do núcleo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), em Apucarana, Adriano Nunomura, foi a Mauá da Serra nesta terça-feira (18) para levantamentos de campo. “Ainda considerando apenas visualmente, as lavouras de verão não tiveram problemas maiores”, informou, referindo-se às culturas de soja e milho, por exemplo. Segundo ele, apenas algo em torno de 10% da safra de aveia e trigo estão atrasadas na cidade, por conta das chuvas dos últimos dias. “O granizo não foi geral no município. Teve focos em vários pontos e nesses locais o impacto foi importante. Ainda vamos apurar”, diz.

Cláudio Neto, que é secretário de Meio Ambiente de Mauá da Serra e coordenador da defesa civil na cidade, informa que, apesar da intensidade da chuva de granizo na região, não houve ocorrências de destelhamentos ou alagamentos na área urbana da cidade. “Teve muito gelo em alguns pontos da cidade, mas sem prejuízos à residências e prédios comerciais”, informa. Veja: