A execução de um homem de 36 anos no Jardim Ponta Grossa na última sexta-feira (16), que foi gravada por uma câmera de segurança de uma lanchonete, chamou atenção para a escalada da violência em Apucarana e região neste ano. O número de homicídios disparou nos municípios do Vale do Ivaí em 2022.
Apenas de janeiro a setembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (20) pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp-PR), foram 29 mortes violentas intencionais (28 homicídios dolosos e um feminicídio) na 18ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP), que engloba os 26 municípios do Vale do Ivaí. Em todo ano passado, foram 17 óbitos (16 homicídios dolosos e um por lesão corporal com resultado de morte). O aumento chega a 70,6%.
O homicídio da sexta-feira passada está fora desse levantamento, que não traz os dados do último trimestre do ano (outubro, novembro e dezembro). O crime chamou atenção pela brutalidade. Vanildo Augusto da Silva, mais conhecido como Jacaré, foi alvejado com mais de 15 disparos. Ele estava em uma mesa com mais sete pessoas, incluindo três crianças.
Dos 29 homicídios até setembro na região, 14 ocorreram em Apucarana; 3 em Ivaiporã, 3 em Jandaia do Sul, 2 em Marumbi e os demais em Bom Sucesso, Cruzmaltina, Faxinal, Jardim Alegre, Mauá da Serra, Rosário do Ivaí e São João do Ivaí.
No ano passado inteiro, 4 mortes ocorreram em Apucarana, 3 em São Pedro do Ivaí, 2 em Califórnia (um homicídio e um óbito após lesão corporal), 2 em Jandaia do Sul e os demais em Faxinal, Ivaiporã, Jardim Alegre, Lunardelli, Marilândia do Sul e Mauá da Serra.
O aumento da violência preocupa o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), de Apucarana. Foram 13 homicídios dolosos e um feminicídio na cidade de janeiro a setembro, segundo os dados da Sesp-PR. O caso da última sexta-feira gerou alerta, principalmente após a divulgação de áudios determinando um suposto “toque de recolher” na região do Jardim Ponta Grossa.
O presidente do Conseg, Adilson Murara, diz que discutiu o assunto com integrantes das polícias Civil e Militar nesta terça-feira (20). “A polícia informou que não é possível ainda confirmar ou desmentir a informação do toque de recolher, mas que está investigando. Estamos cobrando um posicionamento, porque os áudios foram disseminados por toda a cidade e geram preocupação na população, principalmente daquela região”, comenta.
Em relação ao aumento de homicídios, ele afirma que também debateu o tema com os órgãos de segurança. Segundo Murara, essa violência pode ser algum desdobramento de outros crimes, principalmente tráfico de drogas. “Mas isso cabe a polícia investigar”, completa.
Por Fernando Klein