O número de mortes por câncer de mama cresceu neste ano na região. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) da 16ª Regional de Saúde (RS), que abrange 17 municípios, apontam que de janeiro a setembro 26 mulheres morreram em decorrência da doença. O número é 24% maior que no mesmo período do ano passado, quando 21 óbitos foram notificados. Para especialistas, a pandemia atrapalhou a realização de exames e, consequentemente, os diagnósticos.
A maior parte das mortes foi registradas em Apucarana (11), maior município da região, e em Arapongas (9). Califórnia (3), Marilândia do Sul (2) e Rio Bom (1) também tiveram registros de óbitos. Ainda conforme a 16ª RS, quase a metade das vítimas da doença tinha entre 50 e 59 anos de idade. Também ocorreram quatro mortes de mulheres com entre 40 e 49 anos, três de pessoas na casa dos 70 anos e dois óbitos de pacientes entre 30 e 39 anos.
O levantamento ainda revela que esta doença é o tipo de câncer que mais matou mulheres na região. Neste ano, foram 168 óbitos em decorrência de 48 tipos diferentes de câncer. Outros tipos que causaram mortes de mulheres foram câncer de pulmão (16), do colo de útero (13), cerebral (9), estômago (9) e ovário (6). O médico ginecologista e mastologista, Ribamar Maroneze, de Apucarana, acredita que o cenário de pandemia tenha causado impacto negativo com aumento da mortalidade não somente do câncer, mas também das doenças crônicas em geral, e que o índice de mortalidade do câncer de mama provavelmente continuará subindo.
“Especificamente no câncer de mama, o que ficou evidente foi que no ano passado, milhares de novos casos deixaram de ser diagnosticados no Brasil. Serviços médicos diminuíram seus atendimentos, exames deixaram de ser realizados e os pacientes foram desencorajados a procurarem serviços médicos para seus tratamentos de saúde. Como consequência, agora que os atendimentos foram retomados, vimos que os diagnósticos têm sido feitos com a doença em estágio mais avançado, onde os tratamentos são mais difíceis o com impacto na sobrevida. Provavelmente este índice de mortalidade continuará elevado nos próximos anos”, comenta.
DIAGNÓSTICO
O médico frisa que, quanto antes diagnosticar a doença, melhor. Segundo ele, o diagnóstico precoce é, sem dúvida, o melhor preceito quando se busca maiores índices de sobrevida nos tratamentos das neoplasias. “O diagnóstico de tumores subcentimétricos melhora sensivelmente os resultados dos tratamentos. Lembrando que estes tumores menores que 1 centímetro geralmente não são palpáveis e são melhor diagnosticados através da mamografia que ainda é o melhor recurso diagnóstico das neoplasias mamárias”, enfatiza.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Paraná pode chegar a 3.470 casos de câncer de mama neste ano. Já o câncer do colo do útero são estimados 990 novos casos da doença no Estado.
A diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, Maria Goretti David Lopes, recomenda às mulheres que busquem sua unidade para fazer os exames. Ela reforça que também é papel dos profissionais da área e gestores municipais incentivarem os agendamentos de mamografias e coletas de papanicolau para prevenção ao câncer de colo de útero.
Esses exames tiveram queda por causa da pandemia. O Paraná registrou uma redução de 45% no número de mamografias entre 2019 e 2020. De acordo com o Sistema de Informação do Câncer (Siscan), foram realizadas 347.319 mamografias em 2019, reduzindo para 191.043 em 2020. Já o papanicolau teve queda de 47% no período.
Por, Cindy Santos - repórter do grupo Tribuna do Norte