De olho na proibição dos canudos de plástico, já realidade em vários municípios brasileiros e também em muitos países da Europa, uma empresa instalada em Novo Itacolomi, Norte do Paraná, deve lançar até o final deste mês um produto que afirma ser inédito no mundo.
São canudos biodegradáveis 100% orgânicos, produzidos com madeira de reflorestamento e impermeabilizados com cera de abelha, que não agridem o meio ambiente. (Assista abaixo)
A E-Pok do Brasil Ltda tem planos ambiciosos. Em fase final de instalação de maquinários, a empresa tem quatro funcionários, mas planeja chegar a 200 até dezembro. Para isso, aposta no diferencial ecológico dos canudos para conquistar os mercados nacional e internacional.
A mobilização das entidades ambientais contra o uso de canudos e outros itens de plástico descartáveis já ocorre há vários anos na Europa e em outros países. No Brasil, muitos estados e municípios também já aderiram. Em Apucarana, por exemplo, a Lei nº 48/2019 proíbe a utilização de canudos plásticos em restaurantes, bares, padarias, mercados, quiosques, hotéis, clubes e entre outros estabelecimentos similares.
Embora nem sempre as leis sejam cumpridas, a utilização de produtos ecologicamente corretos é uma tendência mundial. É esse nicho de sustentabilidade que a empresa de Novo Itacolomi quer atuar. O proprietário Leonel Maioli Junior, de 56 anos, explica que criou o produto para proteger o meio ambiente e também pensando nas gerações futuras. Segundo ele, o canudo feito com madeira reciclável “não existe no planeta” atualmente. “É do Paraná para o mundo”, diz.
A empresa utiliza a madeira de pinus como matéria-prima e a cera de abelha, garantindo um produto 100% orgânico, e irá testar o uso de eucalipto para aproveitar a cadeia de produção local dessa árvore. “A cera de abelha é naturalmente antibactericida e antigermicida, ou seja, não junta fungos e bactérias. É só lavar e reutilizar”, explica o empresário. Outro destaque é a possibilidade de personalizar os canudos com nomes de pessoas, empresas e marcas.
Segundo ele, o produto é durável e pode ser usado por vários meses. “Além disso, a diferença para outros canudos reutilizados, como os de metal e vidro, é que o brasileiro ainda não tem cultura de guardar esse material. Assim, vai descartar em algum momento. O nosso canudo é orgânico: se jogar mil unidades na rua, vai virar lixo, mas não vai agredir o meio ambiente; se jogar no mato, não vai virar lixo, mas vai virar adubo depois de se decompor”, afirma o empreendedor, que é natural de Apucarana e estava morando em Curitiba, quando decidiu investir no negócio durante a pandemia de covid-19.
Ele afirma que a empresa está testando os últimos maquinários, que foram feitos sob encomenda. A capacidade de produção é de 6 milhões de canudos mensais. O lançamento do produto, que será distribuído em embalagens individuais de papel reciclável, está previsto para daqui a duas semanas. “Estamos otimistas e já negociando com a prefeitura a cessão de um barracão maior”, adianta.
GERAÇÃO DE EMPREGO
O prefeito de Novo Itacolomi, Moacir Andreolla (PSD), torce para o sucesso da empresa, que ganhou apoio da Prefeitura com a cessão do barracão no Parque Industrial II do município.
“Para nós é importante, porque é muito difícil atrair uma empresa para um pequeno município. A nossa intenção é gerar empregos e temos conseguido”, diz o prefeito, citando o funcionamento de 16 empresas no Parque Industrial II.
O prefeito afirma que a empresa de canudos tem potencial para gerar empregos. “Esperamos que essa expectativa se confirme. Nós queremos segurar a população no município”, diz. O prefeito destaca que os dados preliminares do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em dezembro de 2022, mostram que essa estratégia tem dado certo. “Tivemos um crescimento populacional de 43%, um dos maiores do país, passando de 2.836 habitantes para 4.061”, cita o prefeito.
Segundo ele, Novo Itacolomi tem atualmente empresas de vários segmentos, além da agricultura, que é forte e tradicional. “O gestor não pode pensar apenas na folha de pagamento do funcionalismo, mas também no desenvolvimento do município”, completa.
Veja:
Por Lis Kato e Fernando Klein