O advogado Lucas Eduardo Cardoso, que defende os três investigados pela morte de um homem, 60 anos, nega que houve qualquer crime praticado pelos seus clientes. O homem foi encontrado na terça-feira (15), em Jardim Alegre, norte do Paraná, com um ferimento na cabeça duas horas após entrar em um carro com os investigados. Após isso ele foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e, depois de transferido ao Hospital da Providência, em Apucarana, pelo quadro agravado, foi a óbito na quinta-feira (17).
Conforme relata a defesa, o homem que morreu é tio avô de uma menina, de 14 anos, que teria sido vítima de abusos sexuais por ele durante anos. Além da criança, que teria sido alvo de estupros desde os 8 anos de idade, o acusado também teria abusado da mãe, aos 12 anos de idade, e tia da criança, ambas filhas da irmã dele. O tio morava em Ivaiporã e se mudou a Jardim Alegre após repercussão dos estupros circular no município.
Segundo a defesa, a família, que é de Apucarana, visitava a avó materna da criança, que morava com o acusado, constantemente. Uma residência e uma chácara eram os lugares onde ocorriam os crimes. A investigação da Polícia Civil deu início após a garota confessar os abusos a uma psicóloga, que informou à Secretaria de Assistência Social do município. Conforme conta Lucas, os investigados, interessados em que o caso investigatório tivesse um fim, resolveram ir a Jardim Alegre para gravar o tio avô da criança admitir os crimes.
"Eles queriam que o tio confessasse, porque ficaram sabendo que ele estava querendo fugir para São Paulo e, com medo dele não ser preso, foram para Jardim Alegre. Na frente de um bar, chamaram para entrar no carro e conversaram para tentar gravar ele admitindo. O tio já entrou com fala desconexa, com sinais de embriaguez. Não foi sequestro, pois entrou voluntariamente, e eles falaram que não teve agressões", disse Lucas.
Ainda de acordo com o advogado, a criança nunca disse aos familiares que era estuprada pelo tio pois o acusado ameaçava que mataria a avó materna da menina caso ela contasse. Lucas ressalta que a família ainda lamentou o ocorrido pois a morte de João causa uma sensação de injustiça e os clientes queriam ver o acusado na prisão.
Investigação
Segundo o delegado Erlon Ribeiro da Silva da 54ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ivaiporã, o suposto sequestro já foi descartado. “De início já se descartou a hipótese de sequestro, tendo em vista que a vítima entrou voluntariamente no veículo e as pessoas que estavam no carro, um homem e duas mulheres, eram conhecidos dele, da mesma família”, relatou o delegado, que já ouviu os três envolvidos.
Ainda segundo o delegado, também foram ouvidas algumas testemunhas e a Polícia Civil aguarda laudo cadavérico e análise pericial do veículo. “Agora é preciso esclarecer a relação entre o fato dele ter entrado no carro e horas depois ter sido internado e evoluído para óbito. O papel agora da investigação é averiguar as circunstâncias da morte desse senhor, qual a causa da morte, a participação dessas pessoas, e se elas o agrediram. Tudo isso, está sendo apurado em inquérito policial”, completou o delegado.