O número de estudantes que abandonaram as aulas no ensino médio, ensino profissional-técnico e Ensino de Jovens e Adultos (EJA) aumentou quase 60% em 2022 na comparação com o ano anterior no Núcleo Regional de Educação (NRE) em Apucarana. Os dados são do Sistema Estadual de Registro Escolar (Sere).
No ano passado, 1.589 alunos desistentes foram registrados nos colégios estaduais dos 16 municípios pertencentes ao NRE de Apucarana contra 995 no mesmo período do ano passado, o que representa um crescimento de 59,7%.
As duas principais cidades da região registram o maior número de alunos que abandonaram as aulas. Em Apucarana, foram 760 estudantes em 2022 contra 442 em 2021, um aumento de quase 72%. Em Arapongas, a desistência cresceu 28,5% no ensino médio, passando de 309 para 397 registros.
A desistência é diferente da evasão escolar e ocorre quando o aluno deixa de frequentar as aulas durante o ano letivo. Já a evasão ocorre quando o aluno não realiza a matrícula no início do próximo ano.
O Colégio Estadual Nilo Cairo, de Apucarana, registrou um dos maiores índices de desistência. O número passou de 29 registros de abandono escolar em 2021 para 156 em 2022, um aumento de 438%.
A professora Cibele Barneze, diretora do Nilo Cairo, afirma que o problema está concentrado no período noturno. “Mais de 50% dos alunos que estudam à noite abandonaram as salas de aula”, explica.
Segundo ela, esse índice é resultado do fim da pandemia de covid-19 e da retomada das aulas presenciais. “Muitos alunos, principalmente os que trabalham, não conseguiram se adequar. Muitos deixam o trabalho às 17h30 e, como aulas começam às 18h35 e terminam às 22h45, não conseguiram suportar o ritmo”, diz.
Em 2020 e até mesmo em 2021, com as aulas virtuais e a maior flexibilidade por conta da pandemia, não houve tantos casos de desistência. “É uma situação que preocupa. Nós conversamos com os pais e levamos os casos ao Conselho Tutelar. Esses alunos optaram por trabalhar em vez de estudar”, comenta a diretora.
Em 2022, o Colégio Nilo Cairo abriu oito turmas no período noturno, com 45 alunos cada, em média, nos três anos do ensino médio. Para 2023, a procura caiu. Até agora são quatro turmas garantidas: dois segundos anos e dois terceiros anos. “Estamos pleiteando um primeiro ano, mas está sendo um desafio”, revela a diretora.
Por, Fernando Klein