Livro lembra o dia que Charlie Brown Jr brigou em Apucarana

Autor: Da Redação,
sábado, 02/12/2023
Livro lembra o dia que Charlie Brown Jr brigou em Apucarana

“Já era madrugada do dia 9 de setembro de 2012 quando Chorāo humilhou Champignon no palco do Clube de Campo Água Azul. O vocalista começou dizendo que o baixista deveria ‘ficar muito grato’ por ter sido aceito de volta à banda, e que tirou o seu microfone para que não falasse ‘um monte de mentira’. E o acusou de ter voltado apenas por dinheiro. Após quatro minutos de esculacho, Champ saiu do palco e a banda fez o resto do show sem baixista”.

É assim que um dos capítulos do livro “Champ - a incrível história do baixista Champignon do Charlie Brown Jr", lançado no ano passado por Pedro de Luna e que traz a biografia do músico Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, o Champignon, é iniciado. Veja o vídeo da briga abaixo

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Antes de chegarmos ao fatídico show do Charlie Brown Jr no Clube de Campo Água Azul,  em Apucarana, é preciso entender o contexto da banda.

Conforme contou a Tribuna do Norte em 2012, o baixista deixou a banda em 2005, depois de sucessivas brigas com o vocalista. Em julho de 2011, o Chorão anunciou a volta de Champignon e disse que as diferenças estavam resolvidas.

Dois meses depois, no entanto, mais precisamente em 9 de setembro, o vocalista interrompe a apresentação por mais de sete minutos para "lavar a roupa suja" com o baixista. 

Tudo começou quando o vocalista disse que o baixista enganou o público ao acusá-lo de ladrão. Chorão prosseguiu dizendo que Champignon retornou à banda em razão de dinheiro e que bateu na sua porta pedindo uma chance. 

“Quando ele não tinha mais nada para fazer, o dinheiro acabou, ele bateu na minha porta. Eu aceitei o cara. Eu gostava dele mas infelizmente o cara não admite que falou uma pá de m... porque ele não quer que vocês achem que ele tenha defeito”, disse o vocalista Alexandre Magno Abrão, o Chorão.

Os fãs que estavam no show não entenderam muito bem de início, mas logo viram que a situação era bem séria. A apucaranense Daniela Azevedo lembra muito bem desse dia.

“A princípio, parecia brincadeira, que era alguma encenação do Chorão no show, mas depois vimos que era sério, porque o clima no palco foi ficando muito tenso”, lembra.

Daniela, que até hoje é fã da banda, conta também que o show estava muito bom, mesmo o vocalista tendo atrasado para subir ao palco.

“Aquele dia, o Chorão atrasou mais de duas horas para começar o show, mas a vibe estava ótima até começar essa situação”, comenta.

Para quem era fã da banda e estava presente, aqueles poucos minutos em que Chorão discursou foram marcantes. “Depois do show, lembro que ficamos conversando na saída, entre amigos, que parecia o começo do fim da banda, pois foi muito pesado para a gente enquanto fãs testemunhar aquilo”, frisa Daniela Azevedo.

"Sou fã do Chorão, mas esta foi uma das grandes mancadas dele... Talvez até um dos "gatilhos" que levaram Champs a tomar o "rumo" que tomou", comenta um fã da banda em publicação no perfil oficial da biografia do músico.

Outro apucaranense que estava presente no dia foi o autônomo Thiago Souza, 34 anos, que lembra ainda que num dado momento, o público entrou na onda contra o baixista.

“Lembro que depois que o Chorão falou e o Champignon deu uma saída do palco, algumas pessoas ficavam gritando que ele [o champignon] arregou”, lembra.

"Roupa suja se lava em casa. Chorão errou feio com Champs! Mas depois se acertaram", analisa outro fã na página oficial da biografia ao comentar esse episódio.

O começo do fim

Na biografia de Champignon, esse dia é tido como o ponto inicial do período que culminou no fim da formação original da banda, que conquistou uma legião imensurável de fãs ao longo do Brasil.

“Naquela madrugada de domingo, muito provavelmente passou de tudo pela cabeça do Champignon, que ficou desaparecido por algumas horas. No camarim, houve uma briga séria entre o resto da banda”, diz um trecho do livro.

O primeiro show do grupo após a polêmica passagem por Apucarana aconteceu seis dias depois no Recinto de Exposições, em São José do Rio Preto (SP). Numa entrevista realizada no hotel, Champignon falou sobre o episódio no Clube Água Azul tentando amenizar a crise.

“A gente fica muito junto, viajando junto, e isso acaba trazendo às vezes que você precise fazer um acerto de contas. Não acerto de contas, mas conversar e tal, acho que a amizade sempre tem que ter a manutenção, estar conversando. Acho que em toda história todo mundo tem sua parcela de erros, sua parcela de razão, e foi uma coisa que a gente resolveu. O que mais me deixa feliz é saber que eu consigo enxergar um futuro longo com a banda", disse.

Seis meses depois, no dia 6 de março de 2013, Chorão é encontrado morto no seu apartamento na Zona Oeste São Paulo (SP). Ele tinha 42 anos e a causa mortis foi overdose de cocaína.

Foto por Marcos Hermes/Divulgação
 

Champignon morre um ano após show no Água Azul

No dia 6 de setembro de 2013, Champingnon morre com um tiro na cabeça disparado por ele mesmo. O baixista tinha 35 anos e tirou a própria vida em seu aparamento localizado no bairro Morumbi, na capital paulista.

Para os fãs, a saudade da dupla Chorão e Champignon é eterna. Restou o legado dez álbuns de estúdio, três álbuns ao vivo, duas fitas demo, um EP e nove coletâneas, além de sete DVDs.

A história do show em Apucarana é contada em detalhes na biografia do músico, que pode ser comprado pela internet.

Por Louan Brasileiro

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