O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) empossou duas novas secretárias nesta segunda-feira, 6, e ampliou a presença feminina no primeiro escalão do governo de São Paulo, ainda majoritariamente masculino. Agora, 28% das pastas são comandadas por mulheres e 72% por homens.
Embora tenha exaltado a representatividade no secretariado, o governador minimizou o baixo orçamento da Secretaria de Políticas para a Mulher. Dos R$ 24 milhões previstos para 2024, apenas R$ 1 milhão já foi empenhado.
Segundo Tarcísio, isso não é um problema porque a atuação da pasta é transversal. "É quem vai atuar com a Secretaria de Saúde, por exemplo. A melhor coisa é gastar orçamento dos outros", declarou o governador. O Estado bateu recorde de feminicídios em 2023.
A declaração ocorreu durante a posse da deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL), casada com um primo do ex-presidente, e de Andrezza Rosalém, economista que trabalhou no governo de Paulo Hartung no Espírito Santo. Elas comandarão, respectivamente, as pastas de Políticas para a Mulher e Desenvolvimento Social.
As duas substituem Sonaira Fernandes (PL) e Gilberto Nascimento Júnior (PL). Eles deixaram o cargo no início de abril porque tentarão se reeleger como vereadores de São Paulo.
Com as trocas, são 18 homens e sete mulheres em um total de 25 postos no primeiro escalão do governo Tarcísio: Marília Marton (Cultura), Natália Resende (Meio Ambiente), Helena Reis (Esporte), Lais Vita (Comunicação), Inês dos Santos (Procuradoria Geral do Estado), além de Valéria e Andrezza.
"É um secretariado cada vez mais feminino", disse Tarcísio na cerimônia, citando também a nomeação de três desembargadoras para o Tribunal de Justiça de São Paulo e a escolha de mulheres para comandar o Ministério Público de Contas e a Defensoria Pública.
"E por que? Competência, só isso", continuou o governador. "Tinha que fazer aquela escolha e você olhava a lista e puxa, tenho aqui os melhores currículos, melhores perfis. Com todo respeito aos homens que estavam na lista", acrescentou, brincando que só não nomeou uma mulher para a Procuradoria-Geral de Justiça porque a lista tríplice era formada apenas por homens.
Questionada por jornalistas, Valéria Bolsonaro, que assumiu o cargo no dia 10 de abril, disse que ainda está "tomando pé" da secretaria, mas que quer dar continuidade ao que foi feito por sua antecessora, a também bolsonarista Sonaira Fernandes.
Segundo o cerimonial do evento, o lema "Deus, Pátria, Família e Liberdade" serve como ponto de partida para entender "as propostas de trabalho e o perfil conservador da secretária". A deputada é formada em biologia e foi professora por mais de 30 anos na rede pública. "A secretaria tem um papel transversal. A gente gastar o dinheiro das outras secretarias vai ser uma bênção. Vai dar tudo certo", disse ela em breve entrevista à imprensa.
Andrezza Rosalém tem perfil técnico, é mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e chefiou a Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social no governo capixaba entre 2017 e 2018. Ela assumiu o cargo de secretária no último dia 26 e mencionou em seu discurso que a taxa de pobreza de São Paulo (16,5%) é menor do que a média brasileira (27,5%).
O estudo citado por ela foi feito Instituto Jones dos Santos Neves, entidade ligada ao governo do Espírito Santo da qual a secretária foi presidente, e considera como linha de pobreza uma renda mensal de R$ 664,02 por pessoa.
"Ser economista e mestre em teoria econômica me ajudou a pensar de forma complexa, mas quando a gente começa a estudar o Brasil, estudar São Paulo, conversar com as pessoas, as coisas começam a fazer sentido. As decisões ficam mais realistas e, as decisões, possíveis", disse Andrezza.
Tarcísio escolheu em março a advogada Débora Brandão para se tornar desembargadora do TJ-SP pelo quinto constitucional, mas a lista de opções era toda feminina. No ano passado, o governador indicou Marcia Lourenço Monassi e Ana Paula Corrêa Patiño para o mesmo tribunal. Nestes casos, as listas tríplices também eram compostas por homens.