A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), prorrogou por mais 180 dias as medidas cautelares que atingem o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e outros investigados na Operação Ptolomeu.
A decisão atendeu a um pedido da Polícia Federal, que apontou risco de dano irreparável ao inquérito se as medidas não fossem renovadas. As restrições incluem o afastamento de servidores e a suspensão das atividades econômicas de empresas investigadas.
A PF também pedia a manutenção da ordem judicial que impedia o contato entre os investigados. O delegado Pedro Henrique do Monte Miranda argumentou que, sem a restrição, eles poderiam coagir testemunhas e combinar versões entre si.
O governador, o pai e dois irmãos são alvos do inquérito e estavam proibidos de se falar desde março. A Corte Especial autorizou, nesta semana, que Gladson retome o contato com o pai. O Ministério Público Federal foi contra.
Todas as demais medidas foram mantidas pela ministra Nancy Andrighi. Ela só flexibilizou o bloqueio às empresas, que saíram da suspensão total para a possibilidade de executar contratos privados e públicos firmados em outros Estados, com exceção do Acre.
"O eventual retorno dos investigados aos cargos públicos e a manutenção de contato entre os agentes causará, inexoravelmente, prejuízo ao bom andamento da apuração preliminar, visto que os investigados afastados pela decisão retro mencionada ocupam cargos de alto escalão na administração pública estadual, podendo, eventualmente, intimidar testemunhas e ocultar possíveis provas", escreveu a ministra.
A Operação Ptolomeu investiga crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e peculato. Os desvios, segundo o cálculo parcial dos investigadores, podem chegar a mais de R$ 16,3 milhões. A fase mais recente da operação, em março, apreendeu celulares, computadores e documentos dos investigados. A perícia no material ainda não foi concluída.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR
"O governador Gladson Cameli recebeu com humildade a decisão do Superior Tribunal de Justiça que, na última quarta-feira, autorizou o reencontro dele com o pai, Eládio Cameli, com quem estava proibido de se comunicar há três meses. Para o governador, poder rever o pai é uma alegria imensa.
A defesa lamenta, no entanto, o vazamento sistemático de informações sigilosas que, ao que tudo indica, tem objetivos escusos."
Ticiano Figueiredo
Pedro Velloso