O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou o último fim de semana hospedado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, junto com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-chefe do Executivo teve alta hospitalar na tarde da última sexta-feira, 15, após apresentar uma "excelente recuperação e melhora clínica". Segundo o assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, o ex-presidente deve se manter na cidade até terça-feira, 19, por orientação médica. Bolsonaro ficou internado na unidade da zona sul de São Paulo, do Hospital Vila Nova Star, desde a última segunda, 11, quando passou por dois procedimentos cirúrgicos: para tratar um quadro de refluxo e para melhorar a condição respiratória. Segundo Wajngarten, o ex-presidente se recupera "de forma satisfatória com evolução contínua" e segue com uma alimentação pastosa. Outra cirurgia que estava prevista no intestino foi descartada pela equipe médica, por causa do estado de saúde satisfatório de Bolsonaro. A internação do ex-presidente ocorreu em meio às investigações sobre o esquema de venda ilegal de joias recebidas em missões oficias por integrantes do governo Bolsonaro. O caso segue para uma nova etapa com a homologação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e braço direito do ex-presidente. Como mostrou o
Estadão, a delação de Cid preocupa cada vez mais o ex-presidente e sua família. Um interlocutor de Bolsonaro disse, sob reserva, que ninguém no PL tem dúvidas de que mais denúncias contundentes vão aparecer, e não somente relativas ao escândalo das joias. O depoimento do ex-ajudante de ordens pode, inclusive, fazer Bolsonaro ser expulso do Exército e deixar de ser capitão reformado. Nesta sexta-feira, segundo uma reportagem da revista
Veja, Cid teria dito à Polícia Federal (PF) que entregou parte do dinheiro proveniente do esquema ilegal de venda de joias nas mãos de Bolsonaro. A quantia teria sido depositada na conta do pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid. O ex-presidente, então, teria recebido em mãos US$ 68 mil, que foi entregue de forma parcelada, com um repasse nos Estados Unidos e outro no Brasil. As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo saudita para o então presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Em meio a essa e outras investigações, Bolsonaro tem mantido sua base fiel de apoiadores no mesmo patamar. Segundo pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira, 15, 25% dos brasileiros afirmam ser bolsonaristas raiz. Do outro lado do espectro político, 29% dos eleitores se definem como petistas convictos, o que enfatiza que a polarização política no Brasil ainda é uma realidade entre o eleitorado mesmo após quase um ano da eleição presidencial de 2018. Desde que deixou a Presidência, há nove meses, Bolsonaro já foi intimado seis vezes para prestar depoimento à PF, teve o celular apreendido no âmbito das investigações sobre as fraudes nos cartões de vacinação e os sigilos fiscal e bancário quebrados no bojo da operação sobre a venda de joias recebidas durante viagens oficiais. Nesse mesmo período, também viu aliados próximos serem presos.