JOSÉ MARQUES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta terça (6) que a autorização do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), de quebrar o sigilo bancário do presidente Michel Temer é uma "decisão singular" e surpreendeu o governo.
Segundo ele, além de ser a primeira quebra de sigilo de um presidente no exercício do cargo, não houve requerimento da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que houvesse a determinação.
"Ela [a decisão] é singular, nunca aconteceu ainda, por certo não é algo que agrada", disse Padilha, antes de palestrar na Câmara dos Deputados sobre desburocratização.
Questionado se Temer irá recorrer ao plenário ou a uma das turmas do STF, ele disse que o presidente não tem se mostrado com vontade de recorrer.
"Em que pese ser um fato anômalo, ele está compreendido neste quadro político atual, que quando o governo tem um fato que é altamente positivo, sempre acaba aparecendo um negativo".
Assim como dito pela própria Presidência, Padilha afirmou que Temer dará total acesso à imprensa aos seus documentos bancários, porque "não tem nada a esconder".
A quebra de sigilo bancário foi determinada nesta segunda (6) na investigação de supostos crimes na edição de um decreto do setor portuário.
A investigação da Polícia Federal apura se Temer praticou crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A PF quer saber se ele recebeu vantagem indevida das empresas da área de portos.
Segundo o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, Temer está "contrariado" e "indignado" com a decisão.