O ato das centrais sindicais no Dia do Trabalho, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no estacionamento da Neo Química Arena, em Itaquera, reuniu menos de duas mil pessoas. A estimativa é do Monitor do Debate Político da Universidade de São Paulo (USP), que também calculou a presença de apoiadores nas manifestações convocadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, na capital paulista, e na Praia de Copacabana, no Rio.
Segundo o monitor da USP, o ato em Itaquera nesta quarta-feira, 1º, teve a presença de 1.635 participantes. O levantamento tem uma margem de erro de 12%, ou seja, pode ter uma diferença de 196 pessoas para mais ou para menos. Com isso, o evento que reuniu as principais centrais sindicais do País pode ter tido até 1.831 pessoas ou 1.439 participantes.
Para chegar ao número, os pesquisadores da USP utilizaram um software que levantou o número de participantes por meio de fotos aéreas. A contagem foi feita no pico de comparecimento, às 13h46, cinco minutos antes de Lula começar a discursar.
A expectativa do presidente da Força Sindical, Miguel Torres, era de que aproximadamente 50 mil pessoas participassem da manifestação. Mas divisões entre os sindicalistas e reclamações sobre ações do Palácio do Planalto para a classe levaram ao esvaziamento do evento.
Além do presidente, o ato em Itaquera teve a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, e de nove ministros do governo federal.
Como mostrou oEstadão, o evento organizado pelas centrais sindicais no estacionamento do estádio do Corinthians foi custeado em parte com recursos da Lei Rouanet e contou com patrocínios da Petrobras e do Conselho da Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi). A produtora responsável pelo evento captou R$ 250 mil por meio da lei de incentivo à cultura. Trata-se de dinheiro de um doador privado, mas que depois é abatido dos impostos devidos por quem doou. O ato também contou com transmissão ao vivo feita pela TV Brasil, que pertence ao governo federal.
Lula reclamou de baixo público no evento
Durante discurso, Lula disse que o ato de 1º de Maio tinha sido "mal convocado". No palco, o presidente afirmou que tratou do assunto com Márcio Macedo, titular da Secretaria-Geral da Presidência, mas tentou minimizar o problema de falar para menos gente do que o esperado.
"Ele (Márcio Macedo) é responsável pelo movimento social brasileiro. Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem (terça-feira) eu conversei com ele sobre esse ato e eu disse para ele: Oh Márcio, o ato está mal convocado. O ato está mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar. Mas, de qualquer forma, eu estou acostumado a falar com mil, com um milhão (de pessoas), mas também, se for necessário, eu falo apenas com a senhora maravilhosa que está aqui na minha frente pra conversar com a gente", disse Lula.
O presidente também fez um pedido explícito de votos a Boulos, pré-candidato apoiado por ele e pelo PT nas eleições municipais de outubro. Em reação, o MDB, do prefeito Ricardo Nunes, o Novo, da pré-candidata Marina Helena, e o PSDB apresentaram ações contra os dois na Justiça Eleitoral.
"Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. E eu vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula, em 1989, em 1994, em 1998, em 2006, em 2010 e em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo", afirmou Lula.
Especialistas em Direito Eleitoral ouvidos peloEstadãoafirmam que o presidente e o deputado podem ser condenados a pagar uma multa de R$ 5 a R$ 25 mil. Eles também avaliam a possibilidade de os dois responderem a ações que podem levar à cassação da candidatura do pré-candidato do PSOL e à inelegibilidade do petista.
O monitor da USP também estimou a presença de apoiadores nos atos convocados pelo ex-presidente Bolsonaro. Segundo os pesquisadores, a manifestação na Praia de Copacabana, realizada no dia 21 de abril, teve a participação de 32.750 pessoas.
Já o ato de Bolsonaro na Avenida Paulista, no dia 25 de fevereiro, contou com um pico de 185 mil pessoas, segundo o monitor da USP. Nas duas manifestações, o ex-presidente buscou minimizar as acusações de participação em um suposto golpe de Estado após as eleições de 2022, investigado pela Polícia Federal (PF).
Bolsonaro também aproveitou o ato em Copacabana para exibir seu candidato na eleição municipal de outubro na cidade. No palanque, estava o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que vai enfrentar o prefeito Eduardo Paes (PSD), apoiado pelo petista na busca pela reeleição.
Na ocasião, Bolsonaro não fez pedido explícito de votos para Ramagem, e o deputado não discursou, temendo que uma fala pudesse ser enquadrada como propaganda eleitoral antecipada.