Lula diz que não aceita 'barganha' de Moro para reduzir testemunhas

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 26/04/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não aceita a "barganha" do juiz Sergio Moro e disse que, se for preciso, "muda para Curitiba" para acompanhar o depoimento de suas 86 testemunhas de defesa na Lava Jato e garantir que todas sejam ouvidas.

Em decisão da semana passada, Moro determinou que o petista acompanhe todas as oitivas das testemunhas apresentadas por sua defesa em uma das ações da Lava Jato de que é alvo. Nesta terça, no entanto, Moro indicou a possibilidade de rever essa exigência caso o número de testemunhas seja reduzido.

"Não tem barganha. Se o juiz Moro fez essa proposta de barganha, para dizer que assim não exigirá minha presença, para mim não tem problema. Se for preciso eu mudo para Curitiba e fico lá o tempo necessário para esperar o julgamento", disse em entrevista ao SBT nesta quarta-feira (26).

Lula disse que, assim como ele não pode determinar a quantidade de pessoas que vão investigá-lo, Moro não pode "cercear" seu direito de levar quantas testemunhas quiser.

"A gente não vai abrir mão de uma testemunha que consideramos importante para esclarecer à opinião pública o que está acontecendo no Brasil."

A defesa de Lula listou 87 nomes -de 86 pessoas, porque um deles estava repetido- para depor ao juiz em uma das ações em que o ex-presidente é réu na Lava Jato.

2018

Lula afirmou também que, "obviamente", na "situação que está", será candidato à Presidência da República em 2018

Se, for impedido pela Justiça de disputar as eleições, diz, "seria melhor eles terem coragem de dizer: 'Vamos dar o segundo golpe neste país'".

"E vou dizer mais. Eu, agora, quero ser candidato", disse o petista em entrevista ao SBT. "É importante. Eu agora quero ser candidato a presidente da República."

Ele disse ainda que vai ter "condições jurídicas" de postular à Presidência -se condenado em segunda instância, o petista, em tese, pode ter a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa.

"Não há nenhuma razão jurídica para evitar que eu seja." Ao ouvir a afirmação do jornalista Kennedy Alencar que "há uma expectativa de que "Moro provavelmente condene o senhor", Lula o interrompeu: "É você que está dizendo."

Lula disse também que, "sem falta de modéstia", "as pessoas sabem que eu sei, que eu já fiz e que eu posso consertar esse país".

Ele também criticou as reformas patrocinadas pelo Planalto e disse que, para resolver o problema do país, é preciso "incluir os pobres outra vez no Orçamento."

"E não fazer o que estão fazendo de jogar a culpa da desgraça em cima dos pobres outra vez. Todas as medidas que estão fazendo é para favorecer os ricos."