Lula e PT estão por trás da saída de Cardozo, diz oposição; petistas negam

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 29/02/2016

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Líderes dos partidos de oposição no Congresso afirmaram nesta segunda-feira (29) que o ex-presidente Lula e o PT trabalham para barrar investigações da Polícia Federal e são os responsáveis pela saída do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
Cardozo, que é do PT mas nunca teve relação próxima com Lula, era alvo de ataques de petistas devido a avaliação de integrantes do partido de que a PF faz investigação seletiva nas apurações que envolvem políticos -persegue Lula e poupa tucanos suspeitos de irregularidades.
"O que o PT e Lula querem é que o ministro da Justiça controle as atividades da Polícia Federal e as investigações que atingem membros do governo e do partido. Sem ter como se explicar, os investigados querem impor uma mordaça aos investigadores. Típico daqueles que são autoritários e querem colocar o Estado a serviço deles", afirmou em nota o líder da bancada do PSDB, Antonio Imbassahy (BA).
O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), afirmou temer que o novo ministro da Justiça, o procurador baiano Wellington César, sufoque as investigações da PF por meio de restrições orçamentárias. "A saída de Cardozo foi uma exigência do ex-presidente Lula, que está sendo investigado por ter usado e ser supostamente o dono de um sítio em Atibaia e de um tríplex no Guarujá."
Do mesmo modo, o senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, afirmou que a pressão do PT sobre Cardozo para que ele interferisse nas investigações da Lava Jato "constrange e envergonha o país". "Essa ação do PT revolta a população e dá mais um incentivo para lotar as manifestações do dia 13 de março", disse em nota.
O Solidariedade, outro dos partido de oposição, foi na mesma linha: "No PT as coisas funcionam assim, aos que não cumprem a ordem do rei, forca", comentou o presidente do partido, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), por meio de sua assessoria.
Na semana passada deputados do PT se encontraram com Cardozo para pedir investigação da Polícia Federal em relação às suspeitas de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, tenha usado uma empresa privada para enviar recursos no exterior à ex-amante. A PF abriu inquérito.
MUDANÇA ADMINISTRATIVA
Em linha oposta o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), minimizou a saída do ministro da Justiça e considerou seu pedido como uma "mudança administrativa de rotina". Para ele, as investigações da Operação Lava Jato, comandada pela Polícia Federal, deverão continuar sem a interferência direta do próximo ministro.
"Ele já tinha manifestado por três vezes a intenção de sair do Ministério da Justiça até por razões de saúde também. Essa substituição não vai significar de maneira alguma qualquer mudança na ação administrativa do governo em relação ao Ministério da Justiça. [...] Eu não vejo que mude nada. ", disse.
Ex-ministra da Casa Civil no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), também negou a existência de pressão política. "É natural ministros deixarem as pastas. Não é o primeiro ministro a ser trocado e com certeza não será o último. Acho natural. O ministro já estava há bastante tempo e já havia demonstrado interesse em deixar o posto."
Os dois senadores afirmaram que o próximo ministro que assumir o comando da Justiça deverá ter "o mesmo comportamento de Cardozo". "Qualquer um que entrar vai ter a postura e o respeito a autonomia da Polícia Federal", afirmou Gleisi.