Já ouvi que delação tem que citar meu nome, senão não adianta, diz Lula

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 20/01/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Lula criticou nesta quinta-feira (20) as delações premiadas usadas em investigações da Operação Lava Jato. Segundo o petista, há um estímulo para que os delatores o citem em seus depoimentos à Justiça.
"Já ouvi que delação premiada tem que ter o nome do Lula, senão não adianta", afirmou em entrevista a blogueiros na manhã desta quinta. "Não existe nenhuma ação penal contra mim. O próprio [juiz federal Sergio] Moro já disse que não sou investigado", acrescentou.
O ex-presidente recebeu cerca de dez blogueiros no Instituto Lula, em São Paulo. Na conversa, voltou a negar participação nos esquemas investigados. "Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu", disse.
Lula também falou sobre a Operação Zelotes, em que um de seus filhos, Luís Cláudio Lula da Silva, é investigado. "O que fazem com meu filho é uma violência", afirmou, acrescentando que muito do divulgado na internet em relação à investigação é falso.
Sobre uma eventual candidatura sua à Presidência em 2018, Lula disse que ela depende do cenário político. "Ser candidato ou não vai depender do que estiver acontecendo em 2018", disse. "Se eu estiver com saúde e perceber que sou o único que pode evitar que as conquistas do povo sejam tiradas, entrarei no jogo", acrescentou.
Para o petista, não se deve discutir candidaturas neste momento, para que se possa dar atenção ao "fortalecimento do projeto".
O ex-presidente também afirmou que terá um papel "ativo" nas eleições municipais deste ano. Ele também acrescentou que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad —que foi ministro da Educação em seu governo—, será reeleito na cidade.
Ao tratar da crise, Lula defendeu que sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, tenha mais "ousadia" para superar a situação econômica atual. Lula também criticou a imprensa, que, segundo ele, tem má vontade com o governo.
"Sempre tive um tratamento diferenciado [da mídia] no Brasil, desde que fui dirigente sindical", afirmou. "Que [os jornais] publiquem nos editoriais o que quiserem. A única coisa que não admito é mentira na informação."