Surto de covid atinge quase 150 indígenas em aldeia no PR

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 22/10/2020
Aldeia Ivaí tem 1,8 mil moradores

A Secretaria de Saúde de Manoel Ribas, região Central do Paraná, confirmou nesta quinta-feira 22 novos casos de coronavírus, todos diagnosticados em pacientes indígenas da reserva kaingang Ivaí, que enfrenta um surto da doença. Segundo o setor de Epidemiologia do município, em 23 dias, 143 indígenas foram infectados. Outros cinquenta pacientes suspeitos aguardam resultados de exames. Quatro  moradores da aldeia estão internados no hospital de referência do município vizinho de Ivaiporã, incluindo um idoso de 84 anos em estado grave na UTI.

Os indígenas já representam mais da metade do total de diagnósticos confirmados de todo município, que tem 13,5 mil habitantes e soma 262 casos desde o início da pandemia, em março. Segundo o enfermeiro responsável pelo setor de Epidemiologia do município, Claudinei Batista de Jesus, a evolução da pandemia na aldeia está sendo acompanhada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão vinculado ao Ministério da Saúde com apoio da prefeitura. “A situação é muito preocupante e o surto está longe de ser contido”, comenta.

Cerca de 1,8 mil pessoas moram na reserva, localizada a cerca de 5 km da sede do município. Os servidores da prefeitura estão prestando apoio na coleta de material de exames, além de ações de orientação junto aos indígenas e distribuição de EPIs.

Foto por Reprodução
Reunião entre lideranças indígenas, saúde de Manoel Ribas e representantes do Sesai
 

Claudinei destaca que o modo como os indígenas vivem os tornam mais vulneráveis ao contágio. “Apesar da área da reserva ser relativamente grande, por uma questão cultural, as casas são todas muitas próximas e várias famílias compartilham o mesmo imóvel. Eles estão totalmente vulneráveis”, comenta.  

C0m a aproximação do final do ano, quando os indígenas tradicionalmente saem das aldeias para circular em outros municípios para venda de artesanato, a preocupação da saúde é que esses pacientes não possam mais ser monitorados. “O ideal seria fechar as entradas e saídas da aldeia até o surto passar, mas não temos autoridade junto às terras indígenas”.