A sobrevivente ao ataque feminicida em Londrina, norte do Paraná, divulgou uma nota pública nesta segunda-feira (4) esclarecendo que nunca se relacionou com o jovem que matou a facadas Júlia Beatriz Garbossi, 23 anos, e Daniel Takahashi Suzuki, 22, na manhã de domingo (3), no Jardim Jamaica, zona oeste do município. Aaron Delece Dantas, 23, foi preso em flagrante.
Segundo a nota, emitida pela organização Néias-Observatório de Feminicídios Londrina, a sobrevivente, também de 23 anos, e Daniel eram melhores amigos e estavam iniciando um relacionamento. Já com o autor das facadas, ela nunca teve um envolvimento amoroso e conheceu através de um antigo trabalho.
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Ainda de acordo com a nota, a sobrevivente do ataque, que não teve o nome divulgado, optou por se afastar do rapaz quando percebeu a intenção amorosa dele. Diante disso, ele teria começado a persegui-la através das redes sociais.
A nota ainda ressaltou que Júlia nunca se envolveu com o Aaron, que as três vítimas eram amigas e trabalhavam juntas e lamentou o ocorrido. "A sobrevivente faz questão de encaminhar seus pêsames às famílias de Júlia Beatriz e Daniel. Neste momento é o que pode dizer no sentido de contribuir para a divulgação correta e elucidação dos fatos", disse um trecho da nota.
Confira a nota na íntegra:
"Diante de especulações e informações incorretas que circulam na imprensa, a vítima sobrevivente do ataque feminicida ocorrido neste domingo, no Jd Jamaica, vem a público, por meio de Néias-Observatório de Feminicídios Londrina, prestar os seguintes esclarecimentos:
- que ela e Daniel Takashi Suzuki Sugahara, uma das vítimas fatais do atentado, eram melhores amigos e estavam iniciando um relacionamento;
- que ela e Aaron, o autor dos crimes, jamais tiveram envolvimento amoroso;
- que conhecia o autor dos fatos de um antigo trabalho e, por um tempo, foram amigos. Porém, ela optou por se afastar ao perceber a intenção amorosa do rapaz;
- diante do afastamento, Aaron passou a stalkear (perseguir) a vítima pelas redes sociais;
- que a vítima fatal, Júlia Beatriz, igualmente, nunca teve envolvimento amoroso com o autor dos fatos;
- que ela, Júlia e Daniel eram amigos e trabalhavam juntos.
A sobrevivente faz questão de encaminhar seus pêsames às famílias de Júlia Beatriz e Daniel.
Neste momento é o que pode dizer no sentido de contribuir para a divulgação correta e elucidação dos fatos.
Néias aproveita esta comunicação para esclarecer que a Lei do Feminicídio (13.104/2015) não restringe sua aplicação a crimes nos quais há relacionamento íntimo prévio entre vítima e autor, mas àqueles nos quais há menosprezo pela condição "do sexo feminino". Aplicando-se ao caso em questão, uma vez que o autor dos fatos agiu motivado pelo sentimento de posse da vítima sobrevivente."