Um projeto de lei que permite o sepultamento de animais de estimação nos mesmos jazigos de humanos em Apucarana, no Norte do Paraná, vem gerando polêmica na cidade, que tem cerca de 130 mil habitantes. A proposta foi aprovada por 7 votos a 2 pela Câmara de Vereadores na última terça-feira (25) e agora vai para sanção do prefeito Junior da Femac (MDB). Representantes da Igreja Católica são contra a medida.
-LEIA MAIS: Pets enterrados com seus donos? Projeto divide opiniões em Apucarana
“O sepultamento destina-se aos animais de estimação da família do proprietário ou concessionário da campa, jazigo, gaveta, carneiras ou local especifico”, diz o projeto, de autoria do vereador Luciano Molina (Agir), presidente da Casa. Segundo o texto, as despesas com o enterro do animal doméstico serão de responsabilidade da família do proprietário ou concessionário, que terá que tomar todas as providências com relação ao sepultamento.
Na justificativa da proposta, o vereador diz que muitas pessoas consideram os pets como integrantes da família. “O amor e respeito aos animais não humanos cresce muito em nossa sociedade e, atualmente, temos muitos animais que são considerados, praticamente, membros das famílias humanas. Quando ocorre o falecimento de um animal muito amado, há dificuldades para se dar o encaminhamento respeitoso que ele merece”.
Segundo ele, o projeto é autorizativo para as pessoas que quiserem enterrar no mesmo jazigo. "Não é um projeto inédito, já existe em Campinas, Indaiatuba, Matão (em São Paulo) e no estado de Santa Catarina. É autorizativo: faz quem quer", assinalou o autor do projeto.
O vereador Marcos da Vila Reis (PP), que é ligado a movimentos católicos, votou contra a medida. "A legislação da fundação dos cemitérios de Apucarana não prevê sepultamentos de animais junto com humanos", disse, citando ter sido procurado por advogados. Ele acrescentou que também não há licença ambiental para essa prática. Segundo o vereador, o projeto é "inadequado" porque o cemitério é um "campo sacro".
O monsenhor Roberto Carrara, padre da Diocese de Apucarana, também criticou o projeto. “Não há necessidade de fazer isso, pois existem outras maneiras de nos despedirmos dos animais domésticos. O cemitério é um lugar para sepultarmos seres humanos e não animais”, destaca.
Carrara também defende que o sepultamento de animais deveria ser realizado em um cemitério específico, como existem em outros locais. “Poderiam arrumar outro lugar para sepultar os animais, pois essa possibilidade existe. Não vejo razão para que os animais sejam sepultados junto com os humanos”, pontua.
Para o religioso, há uma supervalorização dos animais por parte das pessoas, algo que está em alta na sociedade. “Eu vejo que, atualmente, as pessoas estão exagerando um pouco, valorizando demais os animais, equiparando-os aos seres humanos”, pondera.
Roberto Carrara também destaca que, na sua visão, há preceitos que devem ser respeitados acerca do corpo humano, que, sob a ótica religiosa, é um santuário.
“A Bíblia Sagrada diz que o corpo humano é o santuário do Espírito Santo. Portanto, o cemitério é um lugar sagrado, não acho que seja bom misturarmos as coisas”, finaliza.