Uma passageira do ônibus de turismo de Apucarana (PR) que desviou para área de escape após apresentar falha nos freios, no último sábado (7), entre Curitiba e Morretes, afirma que o veículo estava em más condições. A supervisora administrativa Adriana Spolador Pardinho, estava entre os 45 passageiros do ônibus que, segundo ela, não tinha cinto de segurança. A empresa contesta a informação e diz que o ônibus passou por manutenção antes da viagem.
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Adriana conta que o ônibus contratado inicialmente pela empresa de turismo responsável pela viagem apresentou problemas e que os passageiros foram avisados sobre a troca em cima da hora. “A empresa de turismo arrumou um ônibus de uma hora para outra. Quando entramos no ônibus perguntamos se havia passado por manutenção. Até o motorista perguntou isso. Mas a empresa garantiu que o ônibus havia sido revisado”, comenta.
Segundo Adriana, além da aparência velha e do cheiro de mofo, o veículo não tinha cinto de segurança. “Logo ao embarcar percebemos que não havia cinto. Foi muita negligência e irresponsabilidade da empresa de turismo”, comenta.
Ela viajou acompanhada pelo esposo, sogra, cunhados, sobrinhos e amigos. Durante o trajeto o veículo apresentou falha nos freios e bateu contra dois carros antes de o motorista conseguir acessar uma área de escape na rodovia. "Todos começaram a glorificar a Deus porque pensamos que íamos morrer”, relata.
Por telefone, um representante da empresa de turismo, que não quis se identificar, refutou ao TNOnline as alegações da passageira afirmando que a troca de veículo foi informada com antecedência e que o ônibus possui cinto de segurança em todos os assentos. O representante também afirmou que o veículo passou por manutenção antes da viagem e está com documentação em dia. A empresa disse que enviaria uma nota oficial por meio de um advogado, o que não ocorreu até a publicação dessa reportagem.
Pânico na estrada
A passageira Josemere Ferracini, de 42 anos, estava com a família no ônibus e conta que os momentos vivenciados após o problema mecânico foram repletos de desespero e choro. Ela estava acompanhada da mãe, do namorado e da filha de apenas nove anos.
"Faltando 15 ou 20 minutos para chegar em Morretes, era acho que uma das últimas curvas, que houve a falha de freio", informa Josemere. Ela e os familiares estavam sentados nas primeiras fileiras do ônibus, então conseguiram acompanhar de perto o desenrolar da situação.
"O ônibus estava em uma velocidade baixa, moderada. Até pensei, na inocência da gente, que dava para parar porque estava baixo. Mas aí começou a embalar, não demorou nem 1min30s e ficou muito rápido", conta a auxiliar administrativo. "Foi uma sensação terrível, minha filha chorou muito. Acho que ela foi uma das que mais chorou", desabafou. "Uns entenderam na hora o que estava acontecendo, outros foram perceber a gravidade da situação só depois", acrescentou. Conforme Josemere, muitos passageiros estavam dormindo no momento da falha mecânica.
Ela afirmou ainda que a ação rápida da guia de turismo foi essencial para que a tragédia fosse evitada. "O ônibus bateu nos carros e, nesse momento, a guia que estava sentada na frente, ela se ligou e pela experiência que ela tem, ela se levantou e foi até a porta do motorista e falou para ele 'tem a área de escape' e nisso ele puxou para a direta, porque a gente estava na faixa da esquerda", conta. Imagens de monitoramento da concessionária responsável pela rodovia, a EPR Litoral Pioneiro, mostram o momento em que o motorista do ônibus troca de faixa e passa entre duas carretas.
Relembre
O ônibus que saiu de Apucarana na noite de sexta-feira (6), tinha como destino Curitiba, Morretes e Guaratuba. A viagem era uma excursão organizada entre amigos, que contrataram a empresa para realizar o transporte.
O veículo, ocupado por 45 passageiros, perdeu os freios na BR-277, entre Curitiba e Morretes, no Litoral do Paraná. O motorista do veículo de turismo conseguiu usar a área de escape após sofrer uma falha nos freios. A manobra realizada para evitar a tragédia foi registrada por uma câmera da concessionária responsável pela rodovia, a EPR Litoral Pioneiro. Antes de desviar, o ônibus chegou a bater em dois carros. De acordo com a empresa, um passageiro sofreu ferimentos leves.
Desde o início da concessão, em fevereiro deste ano, esta é a oitava vez que a área de escape é utilizada.
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