A Fomento Paraná, instituição financeira do Governo do Estado, deu mais um passo em direção à criação de um modelo de concessão de crédito em modo digital, mais rápido, seguro e simplificado. A partir desta segunda-feira (03), entra em funcionamento uma integração que permitirá à instituição o uso automatizado da base de dados da Junta Comercial do Paraná em operações de microcrédito, para apoiar pequenos negócios formalizados.
O projeto tem participação da Celepar e atende ao objetivo do Governo do Paraná de desburocratizar a administração pública e dar mais agilidade às atividades.
A partir do CNPJ do empreendedor, o acesso às informações da Junta Comercial, como razão social, atividade econômica, tempo de atividade, endereço e dados dos sócios, vai aumentar a confiabilidade e reduzir o tempo de coleta e validação de dados pelos agentes de crédito, que atuam nas prefeituras, na ponta do sistema.
COOPERAÇÃO - O diretor-presidente da instituição, Heraldo Neves, afirma que a parceria com a Junta Comercial é um primeiro passo em um programa de integração que a Fomento Paraná está desenvolvendo em cooperação com a Celepar e outros órgãos do Estado e que em breve permitirá fazer a análise automática do crédito.
“A urgência e a grande demanda por crédito durante a pandemia de coronavírus trouxe muito aprendizado e acelerou a implantação de melhorias para facilitar a vida do empreendedor paranaense, como os processos de automatização”, avalia Neves. “Isso é especialmente importante nesse momento em que o Estado planeja ações para retomada da atividade econômica”, defende.
O microcrédito, explica Neves, é um mecanismo importante para impulsionar a economia local, pois injeta novos recursos, que proporcionam a realização de milhares de pequenos negócios, e isso ajuda a gerar e manter empregos e renda.
MAIS ACESSO - De acordo com o gerente de Tecnologia da Informação da Fomento Paraná, Robson Pascoal Pereira, a integração de dados com a Junta, em conjunto com outras melhorias em desenvolvimento, permitirão que ainda no mês de agosto a instituição possa conceder microcrédito em todos os municípios, inclusive aqueles onde não há parcerias formais e agentes de crédito atuantes, como foi feito nesse período de pandemia com a linha Paraná Recupera, de até R$ 6.000.
“Até tínhamos dificuldade para certificar a existência de um empreendimento, devido à falta de um parceiro para averiguar, inserir as informações básicas e mesmo orientar a concessão do crédito em mais de 150 municípios. Isso será superado com os dados oficiais da Junta, eliminando riscos, retrabalho e sem custos extras”, afirma Pereira.
OUTRAS BASES - O próximo passo para a Fomento Paraná será a integração com outras bases de dados para permitir também o acesso aos dados do cidadão pessoa física que solicita o crédito. As informações já estão disponíveis em sistemas como a Secretaria da Fazenda e a Receita Estadual, Detran, e Copel ou Sanepar e o acesso automatizado a essas informações trará mais agilidade e segurança ao processo de análise e resposta das propostas.
Segundo o gerente de TI, em parceria com a Celepar, a instituição está desenvolvendo um mecanismo de integração dessas bases de dados que permita autenticar o cidadão com certeza e segurança, pedindo o mínimo possível de dados para conceder o crédito de forma automática com base em informações confiáveis, atendendo às normativas de segurança de dados.
“É o que falta para chegarmos a um aplicativo próprio que possa fornecer crédito 100% de forma digital. Essa é uma necessidade urgente por conta da pandemia, especialmente para municípios onde ainda não estamos presentes por meio de parcerias”,
PARCERIAS - O coordenador de Operações de Microcrédito, Pedro Eduardo de Lima Hilst, destaca também a importância das alterações na Lei Federal 13.999/2020, que instituiu o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
A lei flexibilizou o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), que serve de modelo para a atuação da Fomento Paraná, e passou a permitir o uso de tecnologias digitais e eletrônicas em substituição ao contato presencial, para fins de orientação e obtenção de crédito.
“Até agora éramos obrigados a ter pelo menos um parceiro credenciado em cada município para fazer um atendimento presencial ao empreendedor, coletar informações e documentos para encaminhar a proposta e acompanhar o financiamento”, explica Hilst. “Com a flexibilização, os empreendedores de mais de 150 municípios que não eram atendidos poderão ter acesso ao crédito totalmente por meio de um ambiente digital.”
Ainda segundo Hilst, mesmo com criação de mecanismos digitais, a parceria com os municípios é muito importante, seja para divulgar o microcrédito como ferramenta de captação de recursos com baixo custo e prazos mais longos para os empreendedores, ou mesmo para evitar a concentração de um volume muito grande de pedidos de crédito em Curitiba.
CARTEIRA ATIVA - A Fomento Paraná é especialista em operações e microcrédito, sendo uma das instituições que mais contratam esse tipo de operação no país, com uma carteira ativa de mais de R$ 100 milhões. Somente em 2019 foram atendidos por meio dessa linha mais de 5.300 empreendimentos que faturam até 360 mil reais ao ano.
Em 2020 a instituição já soma quase 20 mil empreendedores atendidos pelo programa Paraná Recupera, com crédito de até R$ 6 mil, ou pelas linhas de microcrédito, de até R$ 20 mil ou, ainda, de capital de giro de até R$ 200 mil para empresas de micro e pequeno porte.