A prefeitura de Maringá inaugura a obra “Magó, feminino é sagrado”, em memória de Maria Glória Poltronieri Borges, bailarina que foi assassinada em janeiro de 2020.
A obra foi viabilizada por meio do Prêmio Aniceto Matti, da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Maringá, em projeto proposto pelo coletivo Kókir, composto pelos artistas plásticos Sheilla Souza e Tadeu dos Santos Kaingang.
“A intervenção “Magó, o feminino é sagrado” é um trabalho feito por muitas mãos e foi motivado pela indignação em relação à violência contra as mulheres”, diz o release divulgado pelo Coletivo Kókir.
A obra será instalada na Praça de Todos os Santos, em frente ao Teatro que leva o nome da maringaense, às 17 horas, desta quinta-feira (26), dia Internacional da Igualdade Feminina.
“Não há ação que amenize a dor provocada por esta violência, principalmente para os pais da Magó. Esta homenagem é uma forma de perenizar a trajetória dela e também de criar um símbolo do movimento da sociedade contrário à violência contra as mulheres”, explica o prefeito Ulisses Maia.
Este é o segundo símbolo desta luta. O primeiro é a escultura “Arte Madeixas de Magó”, do artista plástico Paolo Ridolfi.
"É uma obra de arte simbólica. O coletivo nos entrega algo que entrará para a história da cidade. Por meio dessa iniciativa, mais uma vez Magó será sempre lembrada", frisa o secretário de Cultura, Victor Simião.
Maria Glória Poltronieri Borges foi morta em uma chácara em Mandaguari. O autor do crime foi preso. O feminicídio chocou o Paraná e protestos contrários à violência contra a mulher em vários países. Magó era uma mulher versátil. Praticava capoeira. Dava aulas de balé e cursava artes visuais na Universidade Estadual de Maringá. Era bailarina como a mãe, Daísa Poltronieri, e apresentou sua arte em várias cidades e países do mundo.
A OBRA - A intervenção é composta por uma estrutura em forma de chama, produzida com cimento, cerâmica, mosaico e plantas. A peça que compõe o centro da intervenção tem dois metros e setenta de altura por dois metros de largura. Ela apresenta, em uma das faces e nas laterais, o conjunto de mais de cem peças feitas em cerâmica pela comunidade maringaense, em uma ação realizada no dia 8 de março de 2020, dentro do evento “Magó presente” organizado pelo grupo Nenhuma a Menos, com suporte da Feira de orgânicos de Maringá e Agriurbana. Na outra face a peça apresenta a imagem de uma fotografia da bailarina feita por seu pai, Maurício Borges. A fotografia foi transferida para placas cerâmicas feitas com o apoio das artistas Isabel C. Bogoni, Aurilene A. da Cruz e Sheilla Souza.
Em torno das peças em cerâmica, os artistas do coletivo Rosa dos Ventos: Denilson Marinho de Oliveira e Daniel Zeidan Marinho de Oliveira criaram composições em mosaico. Na parte inferior da peça, o artista Tadeu dos Santos Kaingang elaborou uma composição em mosaico com réplicas de cerâmicas em forma de raízes, projetadas pelas indígenas Kaingang da Terra Indígena Apucaraninha (PR): Nyg Kuitá e Gilda Kuitá. As réplicas foram criadas pelas artistas Alyni Sander e Sheilla Souza. As queimas e esmaltações das peças foram realizadas pelas ceramistas Isabel C. Bogoni, Aurilene A. da Cruz, Alyni Sander, Bety Azzolin e Sheilla Souza. Assinam o projeto paisagístico da intervenção a paisagista Ana Maria A. S. Lemes, Mario G. Felipe Alves, gerente do Viveiro Municipal de Maringá, o coletivo Kókir e Daisa Poltronieri. O plantio das mudas de lavanda, cinerária, verbena, mirra e nichos com plantas sagradas na espiritualidade brasileira foi feito coletivamente entre o coletivo Kókir, Daisa Poltronieri e funcionários do viveiro municipal de Maringá. Registros sobre o processo de criação da obra foram organizados no site https://mariagloria.com.br/ por Ana Clara Poltronieri Borges.
A proponente do projeto, Sheilla Souza, dedica esse trabalho a sua mãe, Darcy Dias de Souza, fundadora da Associação Indigenista - ASSINDI - Maringá e cofundadora do movimento Vez e Voz da Mulher, pioneiro na defesa dos direitos da mulher em Maringá.