Contando com um jogador a mais desde os 20 minutos do primeiro tempo, o Corinthians demorou, mas conseguiu se encontrar em campo e, graças ao zagueiro Gil, superou o Botafogo por 1 a 0, nesta sexta-feira, na Neo Química Arena, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida, que registrou a estreia do novo e criticado terceiro uniforme corintiano, na cor amarela, também ficou marcada por uma frase de Marçal, jogador botafoguense, que, ao ser expulso, apontou "roubo" contra sua equipe.
A vitória leva o Corinthians para a 10ª posição no Brasileirão, abrindo seis pontos de vantagem para o Santos, que abre a zona de rebaixamento (30 a 24). O resultado positivo traz alívio para o técnico Vanderlei Luxemburgo, pressionado do cargo, e anima o torcedor na Sul-Americana, desafio seguinte na agenda corintiana.
O resultado também representa uma ajuda do Corinthians para Palmeiras e Grêmio, que alimentam a perseguição ao líder Botafogo. Foi a terceira derrota consecutiva no torneio nacional dos cariocas, que têm sete pontos a mais que os palmeirenses e oito de vantagem para os gremistas.
"O mais importante é a vitória. Estávamos precisando depois de maus resultados. Devemos ter tranquilidade. Agora é comemorar, mas temos um jogo muito difícil na terça-feira (contra o Fortaleza pela Sul-Americana), vamos manter os pés no chão. Fomos felizes em sair com a vitória", disse Gil após o jogo.
O Corinthians começou o duelo se impondo como mandante e controlando a partida. O Botafogo ficou encurralado no campo de defesa e conseguiu descidas esporádicas ao ataque. Em campo, os primeiros minutos mostraram o time de Luxemburgo com um apetite maior do que o visto em duelos anteriores. O ambiente em Itaquera favoreceu ainda mais o time paulista quando, aos 20 minutos, o lateral-esquerdo e capitão botafoguense Marçal foi expulso após acertar Pedro com as travas da chuteira. Na saída de campo, o jogador afirmou, em direção a uma câmera: "Isso aí é roubo."
Em superioridade numérica, o Corinthians ofereceu novos perigos à defesa do líder do Brasileirão. Jogadas rápidas despontaram como solução, enquanto o Botafogo apostava em contragolpes. No entanto, os donos da casa ainda pecavam na efetividade, e a estratégia de manter uma estrutura defensiva mais robusta se mostrou um erro. Lucas Perri pouco trabalhou.
O Corinthians, definitivamente, não aproveitou a vantagem ao longo do primeiro tempo. O problema não foi apenas criativo. O time perdeu o gás que demonstrou antes da expulsão de Marçal e não alçou as peças ao ataque de maneira contundente. Um time acostumado a passar dificuldades durante 90 minutos não pareceu confortável com a tarefa de se impor. Os laterais Méndez e Bidu pecaram pela falta de apoio em lances ofensivos.
Na volta do intervalo, Luxemburgo abriu mão do volante Gabriel Moscardo para favorecer a criatividade. Renato Augusto entrou em campo para mudar o panorama do duelo. Fagner foi escolhido para o lugar de Veríssimo, puxando Méndez para a zaga e permitindo que o experiente lateral tivesse maior presença ofensiva, conforme a equipe demandava desde a etapa inaugural.
O Corinthians passou a arriscar mais chutes de fora da área. Renato Augusto e Rojas tentaram e fizeram a torcida suspirar. A insistência alvinegra fez efeito. Gil fez as vezes de centroavante. Depois de cruzamento de Bidu, o zagueiro tocou de cabeça, mas Perri fez grande defesa. No rebote, o defensor encheu o pé para estufar as redes e inaugurar o placar, aos 14 minutos.
Com o marcador favorável, o Corinthians diminuiu o ritmo, mas continuou com uma postura consistente. Renato Augusto e Rojas lideraram as iniciativas ofensivas, fazendo valer a qualidade técnica e poder de finalização ímpares no elenco do time paulista. Yuri Alberto só reforçou sua má fase e mais atrapalhou do que ajudou o ataque corintiano.
O Botafogo tentou algumas jogadas de velocidade individuais, mas não teve sucesso. Pelo alto, levou mais perigo. Cássio precisou ser acionado seguidas vezes no apagar das luzes. A tensão, de parte a parte, fez o clima esquentar entre jogadores das duas equipes nos minutos finais, quando os cariocas esboçaram uma blitz em busca do empate. A vitória corintiana, no entanto, já estava concretizada.
O próximo desafio do Corinthians é na Copa Sul-Americana, na terça-feira, às 21h30. Novamente na Neo Química Arena, o time paulista recebe o Fortaleza para iniciar a disputa por um lugar na final do torneio continental. Já o Botafogo tem um intervalo de nove dias até o compromisso com o Goiás pelo Brasileirão. A partida acontece no dia 2 de outubro, uma segunda-feira, às 20h.
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 1 x 0 BOTAFOGO
CORINTHIANS - Cássio; Bruno Méndez, Gil, Lucas Veríssimo (Fagner) e Matheus Bidu (Fábio Santos); Gabriel Moscardo (Renato Augusto), Maycon e Matías Rojas; Wesley (Romero), Pedro (Gustavo Mosquito) e Yuri Alberto. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
BOTAFOGO - Lucas Perri; Di Plácido (Júnior Santos), Adryelson, Victor Cuesta e Marçal; Marlon Freitas (Gabriel Pires), Tchê Tchê, Eduardo e Victor Sá (Carlos Alberto); Luis Henrique (Hugo) e Tiquinho Soares (Diego Costa). Técnico: Bruno Lage.
GOL - Gil, aos 14 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Gabriel Moscardo, Gil, Fagner, Yuri Alberto, Marlon Freitas, Adryelson, Tchê Tchê e Diego Costa.
CARTÃO VERMELHO - Marçal.
ÁRBITRO - Paulo Cesar Zanovelli (Fifa-MG).
RENDA - R$ 2.311.037,08.
PÚBLICO - 37.237 torcedores.
LOCAL - Neo Química Arena, em São Paulo.