Os juros futuros têm viés de alta na manhã desta segunda-feira, 19, mesmo após o moderado ajuste para cima na sexta-feira. O movimento ocorre apesar de novos indícios de desinflação no Brasil, diante das reduções nas projeções de inflação na pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC), divulgada mais cedo.
A ausência de Nova York por conta do feriado que celebra o fim da escravidão nos Estados Unidos e a agenda esvaziada hoje lá fora e aqui tendem a atenuar os movimentos nas principais taxas domésticas - para baixo ou para cima.
Os investidores devem adotar posturas menos ousadas antes das decisões sobre juros na China, na noite de hoje, e do Copom, na quarta-feira. Ainda fica no radar a expectativa de votação do arcabouço fiscal no Senado e de sinais de avanço da reforma tributária.
"A agenda doméstica deve ficar nos holofotes", cita a economista-chefe do TC, Marianna Costa. Além disso, acrescenta que as expectativas por novos estímulos na China, tanto no mercado imobiliário quanto em relação a recuo dos juros de longo prazo, após declínio em algumas taxas de curto prazo na semana passada, ficam no radar.
"Vale ressaltar que o Goldman Sachs reduziu sua projeção para o PIB chinês de 2023, de 5,4% de 6,0%, e de 4,5% para 4,6% em 2024", menciona.
Além disso, nos próximos dias, a política monetária continuará no centro das atenções, uma vez que teremos a sabatina de Jerome Powell, presidente do Fed, no Congresso. A sabatina ocorrerá na quarta e quinta-feira, lembra a Guide Investimentos em nota.
"Já na Europa, na quinta haverá a decisão de juros pelo BoE, que provavelmente irá aumentar mais uma vez a taxa, em 0,25 p.p., para 4,75%. Porém, a expectativa fica com relação ao comunicado, que deve sinalizar, de maneira similar ao BCE, que espera mais aumentos nos juros durante esse ano", afirma a Guide.
No Brasil, mais do que esperar manutenção da Selic, o mercado ficará de olho na comunicação do BC, que pode ser alterada, já sugerindo começo da redução do juro básico em agosto. Isso porque são crescentes os sinais de desinflação.
"A reunião do Copom é o evento mais aguardado. Apesar de largamente esperada uma manutenção da Selic, há grande expectativa sobre o tom a ser adotado no comunicado após a divulgação da taxa, em meio à inflação corrente abaixo do esperado e queda do câmbio.
O que se buscará é saber como o modelos do BC projeções responderá a essas novas informações", diz Marianna, do TC.
No período da manhã, o boletim Focus mostrou que a estimativa mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2023 arrefeceu de 5,42% na semana passada para 5,12% nesta. A previsão de IPCA fechado em 2024 passou de 4,04% para 4,00% e a de 2025, de 3,90% para 3,80%. Em relação à expectativa de 2026, saiu de 3,88% para 3,80%.
"A Focus trouxe revisões para todas as projeções de inflação e finalmente a estimativa para a Selic caiu", destaca a economista-chefe do TC.
A projeção para este ano ainda está acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Ainda assim, é vista no mercado como mais um fator de pressão para a retomada do corte da Selic, hoje em 13,75%, na quarta-feira. Aliás, a Focus trouxe reduções nas estimativas para o juro básico: a Selic projetada para 2023 é de 12,25% ao ano (de 12,50%) e para 2024 é de 9,50% (de 10,00%). Já para os demais anos, permaneceu em 9,00% (2025) e em 8,75% (2026).
Perto de 10 horas, a taxa do depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 tinha 13,015%, ante 13,017% no ajuste de sexta-feira e máxima intradia aos 13,030%. O DI para janeiro de 2025 exibia 11,135%, após 11,124% n o ajuste e máxima a 11,155%. O DI com vencimento em janeiro de 2027 tinha 10,51%, ante ajuste a 10,50% e máxima a 10,53%.