Apesar do sinal positivo em Nova York - mantido após a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em geral confirmar a percepção do mercado de que o BC americano segue a caminho de novo corte de juros, desta vez de 25 pontos-base, em novembro -, o Ibovespa aprofundou correção ao longo da tarde, e fechou um pouco abaixo da linha psicológica dos 130 mil pontos pela primeira vez desde o começo de agosto.
Nesta quarta, a referência da B3 oscilou dos 129.718,95 aos 131.519,74 pontos, saindo de abertura aos 131.510,12 pontos. Ao fim, mostrava queda de 1,18%, aos 129.962,06 pontos, com giro financeiro a R$ 20,7 bilhões na sessão. Foi o menor nível de fechamento desde 8 de agosto, então aos 128.660,88 pontos. Na semana, o Ibovespa recua 1,39%, e no mês cede 1,41%, colocando a perda do ano a 3,15%.
Com o prosseguimento do ajuste nos preços de commodities - como o minério e o petróleo - após a decepção dos investidores quanto a novos estímulos na China, Vale (ON -0,26%) e Petrobras (ON -0,78%, PN -1,01%) se mantiveram no campo negativo, como ontem. Os grandes bancos também foram mal na sessão, com destaque para Bradesco (ON -2,32%, PN -1,97%), Banco do Brasil (ON -2,04%) e Itaú (PN -1,84%). Na ponta negativa, Yduqs (-6,45%), Cogna (-6,34%) e Assai (-4,69%). No lado oposto, Usiminas (+4,49%), Pão de Açúcar (+3,67%) e JBS (+0,74%). Apenas oito das 86 ações da carteira Ibovespa fecharam o dia com ganho.
Divulgada no meio de tarde, a ata da mais recente decisão de política monetária do Federal Reserve não trouxe grande variação às apostas do mercado para o ciclo de afrouxamento do BC norte-americano em 2024. De acordo com o CME Group, a chance de corte de 25 pontos-base no encontro de novembro ainda é o cenário mais provável, que avançou levemente a 77,7%. Antes da publicação da ata, a probabilidade estava em 76%, reporta o jornalista Gabriel Tassi Lara, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Quase todos os participantes da reunião do Fed indicaram que estão mais confiantes de que a inflação americana está se movendo "de forma sustentável" em direção à meta de 2%, mostra a ata de setembro. De acordo com o documento, vários dirigentes consideraram que riscos de alta para as perspectivas de inflação diminuíram. Entretanto, há o entendimento de que o nível de preços continua alto.
"O dólar se valorizou com o mercado ganhando confiança na economia americana, após a divulgação da ata do Fed", diz Felipe Castro, sócio da Matriz Capital, referindo-se também à acentuação de alta da moeda americana frente ao real em paralelo à ata, que levou o dólar a ficar bem perto do limiar de R$ 5,60 na máxima desta tarde. No fechamento, a moeda dos EUA mostrava alta de 0,98%, a R$ 5,5871, com pico na sessão a R$ 5,5988.
Na agenda doméstica, o destaque do dia veio ainda pela manhã, com nova leitura sobre a inflação, pelo IPCA de setembro, em alta de 0,44% no mês. "Não trouxe surpresa, na medida em que já era consenso no mercado o avanço dos preços da energia elétrica devido à bandeira tarifária, bem como o aumento dos preços na alimentação em domicílio, refletindo também questões climáticas", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
"Em relação ao qualitativo, observamos mais pontos positivos do que negativos", diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. "Ao avaliar as variações mensais, os principais grupos de interesse para o Banco Central desaceleraram na passagem de agosto para setembro", aponta. "Outras métricas importantes, como a média móvel de três meses anualizada e ajustada sazonalmente, também desaceleraram. E o índice de difusão permaneceu no mesmo nível de agosto."