O ex-presidente da Petrobras Pedro Parente afirmou nesta segunda-feira, 12, ter deixado a empresa com mais de 60 processos contra ele de responsabilização por ações tomadas enquanto estava no comando. Segundo ele, o número de ações na Justiça já diminuiu, mas evidenciou os riscos para executivos por responsabilização ambiental, que ele descobriu existir também no setor privado.
"Eu achava que só o executivo do setor público tinha esse risco de processo. Então saí da Petrobras com mais de 60 processos. Coletânea de processo. Mas o pessoal da Petrobras, os advogados, eles são ótimos, e me defendem. Eu não perco um minuto de sono", relatou Parente a jornalistas, após participação no evento sobre regulação financeira Future of Tomorrow, no Rio de Janeiro. "Hoje já são bem menos (que 60 processos). Executivo do setor privado também tem um risco enorme.", completou.
Parente, sócio-fundador e presidente do Conselho de Administração da gestora de private equity eB Capital, defendeu no evento investimentos com potencial de geração de valor futuro, como o tratamento de resíduos e a produção de biometano. Segundo ele, além dos possíveis ganhos com as oportunidades criadas, apostas em soluções que possam livrar a empresa de um risco ambiental com potencial de alcançar a esfera penal "é outra coisa maravilhosa".
Segundo ele, os órgãos regulatórios podem simplificar os processos para estimular investimentos com retorno ambiental além do financeiro. A regulamentação do mercado de crédito carbono também seria um impulsionador de demanda, opina.
"Essa questão de gerar esse mercado é fundamental. Isso pode dar um impulso gigantesco", disse.