O desempenho da indústria química nos dois primeiros meses do ano foram negativos em comparação ao mesmo período do ano anterior - é o que mostra o balanço da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). A produção recuou 12,44% no primeiro bimestre, enquanto as vendas internas diminuíram 5,32%.
As importações no setor cresceram 13,2% no primeiro bimestre em relação ao igual período do ano anterior, refletindo o aumento das compras de intermediários para fertilizantes, petroquímicos básicos e resinas termoplásticas.
A demanda interna, medida pelo CAN (consumo aparente nacional), retraiu 0,3% nos dois primeiros meses do ano ante mesmo período de 2022, apresentando estabilidade.
Na análise dos últimos 12 meses encerrados em fevereiro de 2023, ante os 12 meses imediatamente anteriores, a produção caiu 5,29%, o CAN recuou 4,7%, enquanto as importações foram inferiores em 6,9% e as exportações cederam 15,4%. Na contramão, as vendas internas registraram ligeira alta de 0,17%, demonstrando resiliência.
A participação das importações sobre o CAN foi de 44% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro. Neste contexto, a indústria opera com apenas 67% da capacidade instalada na média do primeiro bimestre, com recuo de sete pontos porcentuais ante igual período do ano anterior.
O déficit na balança comercial dos últimos doze meses encerrados em fevereiro de 2023 alcançou US$ 62,3 bilhões, o que demonstra a elevada penetração dos importados no mercado. O índice de preços teve deflação de 22,6% entre março de 2022 e fevereiro de 2023.
Expectativas
Para a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a expectativa do setor é a de que o País caminhe na direção da correção dos fatores que afetam a competitividade da indústria química nacional.
"Será fundamental encaminhar importantes reformas estruturais ainda no primeiro semestre do ano, como a tributária, além de atacar outros custos que afetam a indústria. Vale destacar que a indústria química vê com muito bons olhos o Programa Gás para Empregar, anunciado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que pode tornar o Brasil mais competitivo, atraindo inúmeras oportunidades de investimento que estão, há tempos, represadas", destaca Ferreira.