Os juros futuros fecharam a sexta-feira, 15, acumulando avanço também no cômputo semanal. As taxas curtas e intermediárias responderam à nova leva de dados fortes de atividade e do mercado de trabalho e as longas, ao exterior adverso. O mercado agora vê um cenário menos propício a cortes da Selic e na curva a termo precificação de taxa terminal hoje voltou a subir. No balanço da semana, todas as taxas avançaram, mas as longas em ritmo mais acentuado, o que resultou em ganho de inclinação.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,965%, de 9,896% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia a 9,88%, de 9,78% ontem. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,12% (de 10,02%) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 10,61% (de 10,51%).
Mal o mercado conseguia digerir os números do varejo ontem e hoje já vieram a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para completar o combo de indicadores econômicos da semana que colocam em alerta o ritmo do processo de desinflação. O aumento de 0,7% do volume de serviços em janeiro, na margem, não só veio muito acima da mediana, que apontava queda de 0,5%, como superou por larga margem o teto da pesquisa do Projeções Broadcast, de alta de 0,2%. Na sequência, chegou o Caged do mesmo mês apontando geração líquida de 180.395 vagas, acima da expectativa mais otimista do mercado, de 115.496 postos. O quadro indica um PIB melhor do que o esperado no primeiro trimestre, mas também que a inflação pode demorar um tanto mais para chegar à meta de 3% como almeja o Banco Central.
A precificação da Selic terminal nos DIs, que ontem era de 9,60%, indicando apostas no "meio do caminho" entre 9,50% e 9,75%, nesta tarde subia a 9,70%, mais perto, portanto, da banda superior. Para a reunião da próxima semana, a precificação de -50 pontos seguia intacta, enquanto para o Copom de maio oscilava de -45 para -44 entre ontem e hoje.
"O mercado não vê influência sobre as decisões mais próximas do Copom, mas pode pesar sobre a taxa terminal da Selic, com a autoridade monetária podendo optar pela cautela e encerrar antecipadamente o ciclo de queda dos juros diante dos sinais de que a economia segue resiliente após dados fortes de varejo, serviços e emprego", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
A certeza de que a Selic cairá a 10,75% na quarta-feira contrasta com as dúvidas sobre a manutenção do foward guidance do comunicado, de mais dois cortes de 0,5 ponto. O mercado passou a embutir maior probabilidade de mudança, via ajuste no plural de "próximas reuniões" para o singular. Se confirmado, haveria espaço para a curva puxar ainda mais os prêmios para cima no pós-Copom.
O ritmo de correção da ponta longa não ficou muito atrás dos demais trechos, com avanço de mais de 10 pontos no fim da tarde, na esteira dos ajustes das apostas para os juros nos Estados Unidos, que também vão ficando mais cautelosas. O yield da T-Note de dez anos voltava a cruzar a linha ds 4,30%, marcando 4,314%.
Assim como para o Copom, há grande expectativa para a reunião do Federal Reserve na quarta-feira, especialmente sobre como virá o gráfico de pontos após recentes indicadores fortes de inflação e atividade nos EUA. "Junto com o Fed, decisões dos bancos centrais do Reino Unido e do Japão também são esperadas na próxima semana. Este último poderia ser o mais impactante no mercado, especialmente com a especulação se intensificando de que o Banco do Japão aumentará as taxas de juros pela primeira vez desde 2007", afirmam os profissionais da Guide Investimentos.