O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou ligeiramente para cima suas estimativas para a inflação no País em 2023. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) passou de alta de 4,7% para 4,9%. Já a previsão para a inflação da baixa renda, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC, também do IBGE), também foi revista de alta de 4,7% para 4,9% no ano que vem.
O instituto manteve as projeções para inflação de 2022 em 5,7% para o IPCA e em 6,0% para o INPC.
"Os dados mais recentes mostram que a melhora do cenário de inflação no país, iniciada no segundo semestre do ano, vem se mantendo nos últimos meses, conjugando forte queda dos preços administrados e recuo mais ameno dos preços livres", justificou o Ipea, em Carta de Conjuntura.
Para 2023, as estimativas preveem a continuidade do processo de desaceleração da inflação, mas com mudanças na trajetória dos preços monitorados e dos preços livres.
"No caso dos preços administrados, em que pese a expectativa de um comportamento favorável dos preços do petróleo no mercado internacional e de um cenário hídrico confortável, estima-se que a deflação apresentada por este segmento em 2022 seja revertida ao longo de 2023, pressionada pelos reajustes contratuais das distribuidoras de energia e das operadoras de planos de saúde, além de uma recomposição mais acentuada das tarifas de transporte público", apontou o Ipea.
O instituto estima uma alta de 5,6%, para os preços administrados em 2023 tanto no IPCA quanto no INPC. Em relação aos preços livres, é esperada desaceleração em todos os segmentos.
"Por certo, mesmo diante da piora do cenário externo e do aumento do risco sobre a taxa de câmbio - advindos de um aperto monetário mais forte em diversos países -, a perspectiva de queda dos preços das commodities no mercado internacional, aliada à normalização das cadeias produtivas, deve impedir pressões adicionais sobre os preços dos bens industriais e dos alimentos", justificou a Carta de Conjuntura.
O Ipea projeta alta de 3,3% para os bens industriais no IPCA de 2023, e de 3,4% no INPC. Com a projeção de nova safra recorde de grãos, a elevação de preços dos alimentos em 2023 foi estimada em 5,2% no IPCA e de 5,1% no INPC.
"Por fim, os efeitos sobre o mercado de trabalho de um crescimento mais modesto da atividade econômica em 2023 devem gerar um arrefecimento da demanda por serviços e, por conseguinte, uma desaceleração da inflação deste segmento, cujas altas projetadas para o próximo ano são de 5,4% no IPCA e 5,5% no INPC", acrescentou o Ipea.
O instituto pondera que não estão descartados "riscos inflacionários adicionais, que podem limitar este processo de desinflação em 2023".
"Pelo lado da economia mundial, o prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia pode gerar uma reversão da trajetória mais benevolente das commodities, especialmente do petróleo e dos cereais. Já internamente, as incertezas em relação à política fiscal podem trazer impactos negativos sobre a taxa de câmbio", escreveram os pesquisadores Maria Andreia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes.