O Ibovespa conseguiu se firmar no positivo à tarde, acompanhando muito à distância a acentuação de ganhos em Nova York, que chegaram a 2,43% no fechamento (Nasdaq), em dia de reação a balanços como o da Meta, bem recebidos nos EUA e na Europa. Os resultados corporativos se impuseram à decepção com o PIB americano no primeiro trimestre e também à cautela quanto ao núcleo do PCE - métrica de inflação ao consumidor preferida do Federal Reserve, que volta a se reunir na próxima semana para deliberar sobre os juros de referência dos Estados Unidos.
Aqui, o desempenho de Petrobras (ON -2,66%, PN -2,43%), embora amenizado no meio da tarde em relação ao visto no início da etapa vespertina, impediu recuperação mais consistente do índice da B3, apesar dos ganhos bem distribuídos pelas ações e os setores de maior peso e liquidez. Vale ON subiu 2,12% mesmo com a frustração dos investidores quanto ao balanço do primeiro trimestre, divulgado na noite anterior. E os ganhos entre os grandes bancos atingiram 1,93% (Bradesco PN) no encerramento do dia. Destaque também para BTG Pactual (+3,35%), quinta maior alta da carteira Ibovespa na sessão, pouco atrás de Soma (+4,27%) e de Locaweb (+3,91%).
Assim, vindo de três perdas consecutivas, o Ibovespa subiu hoje 0,60%, aos 102.923,31 pontos, tendo oscilado entre 101.975,35 e 103.177,38, após abertura aos 102.309,98 pontos. O giro se manteve moderado nesta penúltima sessão do mês, a R$ 22,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 1,38%, limitando os ganhos acumulados em abril a 1,02% - ontem, estavam abaixo de 0,5%. No ano, cai 6,21%.
Em abril, Petrobras permanece como carro-chefe para o leve ganho do Ibovespa no mês, mas hoje as ações da estatal destoaram do desempenho moderadamente positivo do petróleo e do apetite por ações de primeira linha, em sessão na qual o dólar convergiu para baixo de R$ 5 - chegando a R$ 4,97 nas mínimas -, o que sugere fluxo de ingresso de recursos, observa Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos. Em abril, Petrobras ON e PN ainda acumulam ganhos fortes, de 9,10% e 11,30%, respectivamente.
Os acionistas da Petrobras aprovaram hoje, em assembleia geral ordinária (AGO), a retenção de R$ 6,5 bilhões da segunda parcela dos dividendos referentes ao quarto trimestre de 2022. A proposta foi da União, acionista majoritária representada pelo governo federal. Com isso, a Petrobras pagará em proventos o total de R$ 35,8 bilhões, mas agora em três parcelas: em 19 de maio (R$ 17,9 bilhões); 16 de junho (R$ 11,4 bilhões); e 27 de dezembro (R$ 6,5 bilhões), reportam do Rio os jornalistas Denise Luna e Gabriel Vasconcelos, do Broadcast.
"Após três perdas para o Ibovespa, o dia foi de respiro mesmo com os resultados da Vale não tendo vindo tão bem", diz Ramos, destacando a recuperação em papéis como os de 3R Petroleum (+11,91%) e MRV (+8,59%), na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira. No lado contrário, Petz (-4,87%), Pão de Açúcar (-3,71%) e Sabesp (-3,13%).
"O mercado já abriu hoje em tendência de queda, precificando a princípio os resultados de Vale, ação com peso muito significativo no índice. Ainda pela manhã, vieram leituras importantes sobre o PIB americano, bem abaixo do projetado, e o PCE, cujo núcleo veio acima nessa leitura", diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos. "Depois, o Ibovespa reagiu, com ânimo um pouco mais comprador, e com o dólar dando também uma puxada, em queda", acrescenta.
"A Bolsa conseguiu sair do negativo para o positivo na sessão. O PIB americano mostrou que a elevação de juros empreendida pelo Fed trouxe efeitos para a economia, em desaceleração. Como notícia ruim tem virado notícia boa, a leitura de copo meio cheio é de que a política monetária americana está surtindo efeito, com o mercado ponderando se o Federal Reserve poderá fazer uma pausa ou se ainda elevará os juros mais um pouco, antes de parar", diz Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
Em outro desdobramento fundamental para a sessão desta quinta-feira, as grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como a Meta, vieram com bons resultados, acrescenta Willrich. "Por aqui, os números da Vale decepcionaram, mas grande parte disso já estava precificada numa ação que acumulava perdas", acrescenta o analista.
À tarde, na agenda de indicadores domésticos, destaque para a divulgação do Caged de março, acima do esperado, "mostrando um mercado de trabalho ainda aquecido apesar da desaceleração da geração líquida de vagas em relação a fevereiro", diz Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para América Latina. "Em termos de abertura dos dados, o destaque segue com o setor de serviços, mostrando resiliência em linha com a atividade econômica mais recente, que tem perdido força com o aperto nas condições de crédito", acrescenta a economista.