Apesar de o dólar, hoje a R$ 4,92 no fechamento, ter continuado a refletir a melhora da percepção sobre inflação e juros aqui e nos Estados Unidos, o Ibovespa fez uma pausa na recente escalada que o elevou em seis mil pontos ao longo das três sessões anteriores, saindo dos 100,8 mil pontos no encerramento do último dia 6 para perto dos 106,9 mil no fechamento de ontem.
Hoje, a referência da B3 cedeu 0,40%, aos 106.457,85 pontos, entre mínima de 106.219,71 e máxima de 107.037,28 pontos na sessão, com abertura aos 106.889,71. Na semana, avança 5,59% e, no mês, 4,49%, reduzindo a perda do ano a 2,99%. O giro financeiro voltou a se enfraquecer hoje, após o vencimento de opções sobre o Ibovespa ontem, que o havia colocado perto de R$ 60 bilhões na quarta-feira - hoje, o volume ficou limitado a R$ 22,3 bilhões
No exterior, destaque nesta quinta-feira para o Nasdaq, em alta de 1,99%, em dia de leitura abaixo do esperado para a inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos - em retração de 0,5% em março ante fevereiro -, o que estimulou o apetite pelas ações de "crescimento", mais sensíveis à perspectiva para os juros americanos. Os índices blue chip Dow Jones e amplo S&P 500 também foram bem na sessão, em alta respectivamente de 1,14% e 1,33% no fechamento em Nova York.
"Os dados do PPI confirmaram a impressão deixada pela última leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, também nesta semana, o que contribui para o viés de alívio à curva de juros, aqui e no exterior, e amparou ainda hoje, na B3, a demanda por 'small caps' ações de menor capitalização de mercado, na contramão do Ibovespa, e por setores como os de varejo, construção e companhias aéreas mais expostos a juros e câmbio, respectivamente", aponta Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos.
Na B3, apesar do ajuste negativo nos preços do petróleo, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 1,17% e 0,70%, enquanto Vale ON cedeu 1,35%, após o minério ter recuado 3% nesta quinta-feira na China (Dalian). As ações de grandes bancos encerraram sem sinal único (Santander +1,14%, Bradesco ON +0,98%, BB ON -0,05%, Itaú PN sem variação). Na ponta do Ibovespa, destaque para MRV (+6,56%), Qualicorp (+2,79%), Copel (+2,62%) e 3R Petroleum (+2,58%). No canto oposto, BRF (-7,64%), Marfrig (-7,05%), Minerva (-6,47%), Totvs (-6,06%) e Assaí (-4,78%).
No exterior, o crescimento das exportações na China em março, de 14,8% ao ano, também surpreendeu positivamente o mercado, mas não foi o suficiente para impedir a leve realização vista nesta quinta-feira na B3, após alívio de 6% acumulado nas sessões anteriores pelo Ibovespa, observa Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
Em sinal positivo para os ativos brasileiros, anteontem, quando o Ibovespa fechou em alta de 4,29%, aos 106.213,76 pontos, no seu maior avanço diário desde o começo de outubro, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 1,084 bilhão na B3, para um giro financeiro de R$ 32 bilhões na sessão. Em abril, houve entrada de R$ 1,697 bilhão na Bolsa, até o dia 11, resultado de compras acumuladas de R$ 72,751 bilhões e de vendas a R$ 71,053 bilhões. Em 2023, o capital externo está positivo em R$ 10,190 bilhões na B3.
No noticiário doméstico, o projeto do novo arcabouço fiscal deve reforçar instrumento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que trata de compensação de medidas que criam renúncias e aumentam despesas de forma permanente, um desdobramento que, no meio da tarde, levou o Ibovespa a quase zerar perdas na sessão.
O Broadcast/Estadão apurou que o projeto deve prever que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) disporá sobre critérios de renúncia de receita para efeito de sustentabilidade do regime fiscal. Cada LDO, que é uma lei anual, deve trazer restrições específicas de renúncia para garantir a sustentabilidade do regime fiscal.