O mercado de trabalho tem mostrado uma melhora quantitativa, mas também qualitativa, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço da renda média e a abertura de novas oportunidades na formalidade são indicadores de um emprego de mais qualidade. "Tudo indica que o mercado de trabalho está mostrando, está expressando, manifestando, as melhorias que têm ocorrido no âmbito das atividades econômicas", resumiu Beringuy. A taxa de desocupação caiu de 7,9% no trimestre terminado em julho para 7,6% no trimestre encerrado em outubro, menor resultado desde fevereiro de 2015, quando foi de 7,5%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira, 30, pelo IBGE. Se considerados apenas trimestres encerrados em outubro, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 6,7%. Em apenas um trimestre, mais 862 mil pessoas passaram a trabalhar, totalizando um recorde de 100,206 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 261 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,259 milhões, menor patamar desde abril de 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 228 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,641 milhões fora da força de trabalho. "Não se trata apenas de números positivos em relação ao contingente do mercado de trabalho, mas uma expansão da ocupação acompanhada por características ligadas também a indicadores qualitativos", frisou Beringuy. "O que a gente tem é um aumento não apenas quantitativo, do contingente de ocupados, mas essa expansão vem acompanhada do aumento da formalidade e também do aumento do rendimento. E essa melhoria vem acompanhada por algumas atividades que têm registrado sim expansão (da ocupação), e essa expansão através da carteira de trabalho", apontou. Houve abertura de 620 mil vagas com carteira assinada no setor privado no trimestre terminado em outubro. O total de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado subiu a 37,615 milhões no trimestre até outubro, maior contingente desde junho de 2014. Segundo Beringuy, embora o aumento da carteira assinada venha ocorrendo de forma consistente, esse crescimento tem sido "bastante concentrado" em algumas atividades, como informação, comunicação e atividades administrativas, mas também um pouco na indústria e no comércio. A pesquisadora avalia que o mercado de trabalho recupera o padrão sazonal, de geração de vagas ao longo do ano, mas incorporando também melhorias quantitativas e qualitativas. "Há recuperação desse padrão, dessa dinâmica (sazonal), e essa recuperação desse padrão está incorporando melhorias quantitativas, mas também outros indicadores como a forma de inserção do trabalhador e do rendimento médio", disse Beringuy. O número de trabalhadores ocupados que contribuem para a Previdência Social alcançou um recorde de 64,658 milhões no trimestre até outubro. "Uma externalidade positiva do processo (de melhora do mercado de trabalho) é o indicador de contribuição previdenciária", acrescentou Beringuy.
Massa salarial recordeA abertura de postos de trabalho formais ajudou ainda a aumentar a renda média dos trabalhadores ocupados, que teve uma alta real de 1,7% no trimestre até outubro em relação ao trimestre até julho, R$ 49 a mais, para R$ 2.999. Na comparação com o trimestre encerrado em outubro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 3,9%, R$ 112 a mais. Com mais pessoas trabalhando e rendimentos mais elevados, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 13,163 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 295,745 bilhões, uma alta de 4,7% no trimestre encerrado em outubro de 2023 ante o trimestre terminado em outubro de 2022. Na comparação com o trimestre terminado em julho de 2023, a massa de renda real subiu 2,6% no trimestre terminado em outubro, R$ 7,369 bilhões a mais.