Fed mantém juros, mas indica nova alta no ano

Autor: AP (via Agência Estado),
quinta-feira, 21/09/2023

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) manteve nesta quarta-feira, 20, os juros de referência no país na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, como era esperado pelos analistas financeiros, mas indicou a possibilidade de mais uma alta da taxa ainda neste ano. Além disso, a previsão para 2024 passou a ser de maior aperto monetário com a manutenção dos juros no atual patamar por um período mais longo de tempo. A decisão indica que o Fed continua preocupado com a possibilidade de a inflação não estar diminuindo rápido o suficiente em direção à sua meta de 2%. O mercado de trabalho e a economia permaneceram resilientes, contrariando as expectativas de que a série de aumentos de juros do Fed causaria demissões em massa e uma recessão. A inflação ao consumidor caiu de um pico anual de 9,1%, em junho de 2022, para 3,7% em agosto. No entanto, ainda está bem acima da meta de 2% do Fed, e seus formuladores de políticas deixaram claro ontem que ainda não estão perto de declarar vitória sobre o pior surto de inflação em 40 anos. "O processo de levar a inflação de forma sustentável a 2% tem um longo caminho para ser percorrido", disse o presidente do colegiado, Jerome Powell, após a reunião de ontem. "Vimos progresso, e damos as boas-vindas a isso, mas precisamos ver mais progresso (antes de concluir que é apropriado encerrar os aumentos de taxa)." Ao mesmo tempo, Powell disse que se sente confiante de que o fim do ciclo de aumento das taxas está próximo. "Estamos aproveitando o fato de que nos movemos rapidamente no passado", afirmou ele, para gerenciar as taxas "um pouco mais cuidadosamente agora enquanto encontramos nosso caminho para o nível certo de restrição necessário para trazer a inflação de volta a 2%". Os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram de forma acentuada após o Fed anunciar sua decisão e atualizar suas projeções econômicas. O rendimento do título do Tesouro de dois anos, que tende a acompanhar as expectativas das ações futuras do Fed, subiu de 5,04% para 5,11%.

Projeções

Em suas novas projeções trimestrais, os formuladores do Fed estimam que a economia crescerá mais rapidamente neste ano e em 2024 do que haviam previsto anteriormente. Eles agora preveem um crescimento de 2,1% neste ano, acima da previsão de 1% feita em junho, e de 1,5% no próximo ano, em comparação com a estimativa anterior de 1,1%. A inflação central, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia e é considerada um bom indicador das tendências futuras, agora é esperada para cair a 3,7% até o final do ano, melhor do que a previsão de 3,9% em junho. A inflação central, de acordo com a medida preferida do Fed, está agora em 4,2%. Ao elevar significativamente as taxas de juros em toda a economia, o Fed buscou desacelerar os empréstimos - para casas, carros, reformas de residências, investimentos empresariais, entre outros - para ajudar a conter os gastos, moderar o ritmo de crescimento e controlar a inflação. Embora tenha havido progressos claros na inflação, os preços dos combustíveis subiram novamente, atingindo uma média nacional de US$ 3,88 por galão até terça-feira. Os preços do petróleo subiram mais de 12% apenas no último mês. E a economia ainda está se expandindo a um ritmo sólido na medida em que os americanos, impulsionados pelo crescimento constante do emprego e pelos aumentos salariais, continuam gastando. Ambas as tendências podem manter a inflação e as taxas de juros do Fed em níveis suficientemente altos e por tempo suficiente para enfraquecer os gastos das famílias e empresas, e a economia como um todo. A reunião do Fed desta semana ocorreu em um momento que outros bancos centrais estão elevando suas taxas de juros para combater a inflação. Os preços dispararam após a pandemia prejudicar as cadeias de abastecimento globais, causando escassez e preços mais altos. A inflação piorou após a invasão da Rússia à Ucrânia em fevereiro de 2022, que elevou os preços do petróleo e de outras commodities. As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.