O Banco Central (BC), ao elevar a sua taxa básica de juro (Selic) em 0,25 ponto porcentual a 10,75% ao ano - primeira alta em dois anos -, expressa preocupação com o excesso de demanda que se avizinha, avalia a FecomercioSP em nota enviada do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). Preocupação essa que, segundo a entidade, ela vem alertando já há algum tempo.
"Trata-se de um sinal forte de que o BC está atento aos efeitos potenciais de uma desancoragem de expectativas, mesmo que isso tenha custado o reajuste dos juros, colocando essa percepção à frente de indicadores que poderiam até sustentar uma manutenção da taxa em 10,50%, como os números do último IPCA e as condições do mercado internacional", consideram os economistas da FecomercioSP.
A FecomercioSP acredita que a leitura do Copom seja de um contexto econômico de desemprego baixo (6,8%, no trimestre encerrado em julho), massa de renda em níveis históricos e, por consequência, um Produto Interno Bruto (PIB) em ritmo acelerado (com crescimento de 1,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro, e de 3,3% em comparação ao mesmo período de 2023).
"Ainda que tenha um impacto de desancoragem no presente, é uma decisão baseada em projeções futuras. Um dado ajuda a entender essa preocupação: a volatilidade de preços dos serviços, por exemplo, impede uma análise mais concreta sobre o arrefecimento dos custos. Os valores variaram 0,24% em agosto, após registrarem uma elevação de 0,75% no mês imediatamente anterior".
Ainda, de acordo com a entidade, o Copom também segue na mesma direção do mercado, a qual indicava um consenso de que a inflação só ficará dentro da meta perseguida pelo BC (de 3% ao ano) se os juros voltassem a subir. Ainda que o IPCA tenha caído em agosto, o acumulado dos últimos 12 meses está perto do teto da meta.