O quadro de cautela no exterior contamina o Ibovespa, que já vem de queda na véspera (-0,40%, aos 103.946,58 pontos. As bolsas internacionais cedem, bem como as commodities. O petróleo recua mais de 2% e o minério de ferro fechou em baixa de 1,86% em Dalian, na China, pesando nas principais ações do Índice Bovespa: Petrobras e Vale.
Após abrir aos 103.946,58 pontos e atingir mínima aos 102.748,54 pontos (-1,15%), o Ibovespa reduziu um pouco o ritmo de baixa. Em Nova York, o Dow Jones diminuía a queda, mas os juros dos Treasuries aceleravam as perdas.
Segue no radar a possibilidade de desaceleração econômica nos EUA ao mesmo tempo em que há o temor de juros mais altos por mais tempo do que o imaginado. O índice de confiança do consumidor do país medido pelo Conference Board, por exemplo, recuou de 104,0 em março a 101,3 em abril (previsão: 104). Já as vendas de moradias nos EUA subiram.
"Existe a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos ainda que leve, mas o mercado não digere muito bem, as incertezas com bancos continuam", avalia Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
Na Europa, o Santander lucrou mais que o esperado no primeiro trimestre, mas as provisões aumentaram, enquanto o UBS frustrou as estimativas de lucro e receita. O Santander Brasil, por sua vez, registrou lucro líquido gerencial (que desconsidera o ágio de aquisições) de R$ 2,140 bilhões entre janeiro e março de 2023. O lucro ficou 7,9% acima da estimativa do Prévias Broadcast. As Units do Santander miravam alta de 1,25% perto de 11h30.
Nos EUA, saíram alguns balanços que agradaram, mas o foco mesmo fica no setor de tecnologia. Após o fechamento dos mercados, sairão os números das big techs (Alphabet, controladora do Google, e Microsoft). "Com o tem o temor de juros altos, isso acaba tendo efeito imediato nessas empresas, que pesam bem no índice Nasdaq", menciona Pimentel.
No Brasil, o especialista da Blue3 Investimentos cita que as vendas fracas do varejo em fevereiro penalizam as ações do setor no Ibovespa, enquanto os investidores monitoram a participação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na CAE do Senado. Por ora, diz Pimentel, o banqueiro sinaliza que não baixará a guarda em relação à queda dos juros.
Campos Neto disse que a curva de juros precifica corte da Selic no segundo semestre, mas será preciso ver a estabilização na parte longa. Conforme ele, não há consumo estável e planejamento de empresa eficiente com inflação alta. "Missão de combater inflação é missão muito social."
O presidente do BC repetiu que o custo de combater a inflação no curto prazo é alto, mas que o custo de não combater é maior e perene.
Na semana que antecede o Comitê de Política Monetária (Copom), "a pressão sobre a instituição deverá ser crescente, algo que tende a elevar ruídos", avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em relatório.
Por ora, a expectativa é de manutenção da Selic em 13,75% no Copom de maio, mas o mercado ficará de olho comunicado. Também nos EUA, o grande foco será a comunicação do Fed, em meio a apostas de um novo aumento de 0,25 ponto porcentual nos juros.
Às 11h36, o Ibovespa caía 1,06%, aos 102.839,94 pontos. Vale ON perdia 2,57%, enquanto Petrobrás caía 0,74% (PN) e 0,96% (ON).