Saída de Monti balança bolsas na Europa

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 10/12/2012





SÃO PAULO, SP, 10 de dezembro (Folhapress) - O anúncio da saída do primeiro-ministro Mario Monti da Itália após a aprovação do orçamento de 2013 balançou os mercados europeus hoje.

Entretanto, Monti disse que a reação dos mercados não deve ser vista como algo muito preocupante.

"As reações dos mercados não devem ser dramatizadas", afirmou Monti hoje em Oslo.

Ele acredita que o próximo governo será "altamente responsável" e orientado em direção à União Europeia.

A principal medida da confiança dos investidores, o spread entre os títulos do governo italiano de 10 anos e seus equivalentes alemães de menor risco, subiu em relação à sexta-feira, refletindo preocupações sobre um retorno à incerteza política que assolou a Itália no ano passado.

O mercado de títulos da Espanha também sofreu os reflexos da Itália, com alta considerável no spread em relação aos títulos alemães.

O principal índice de ações da bolsa de Milão chegou a cair mais de 3%, com quedas acentuadas em ações de bancos, que são vistas como as mais vulneráveis em uma crise da dívida renovada.

Apoio

Autoridades europeias advertiram que as políticas de Monti devem continuar para evitar o retorno da crise que o levou ao poder há um ano e evitar um colapso ao estilo da Grécia.

"Monti foi um grande primeiro-ministro da Itália e espero que as políticas postas em prática por ele continuem depois das eleições", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, em Oslo, onde ele fazia parte de uma delegação da União Europeia para receber o Prêmio Nobel da Paz.

Os comentários ecoaram observações semelhantes nos últimos dois dias de políticos europeus, como o presidente da França, François Hollande.

"É uma pena no curto prazo mas, em um ou dois meses, vai ficar claro que o Sr. Monti é capaz de estruturar uma coalizão ou continuar estabilizando a Itália", disse Hollande.

"Apoiamos os esforços dele até a eleição, e depois disso o povo italiano vai escolher o melhor governante."

O ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici, se mostrou confiante no futuro da reforma italiana, apesar da crise de hoje.

"A direção em que a Itália tem seguido no último ano e meia é sólida, não existe razão para preocupação", disse Moscovici.

"Berlusconi está voltando à política, mas estou convencido de que ele não vai voltar ao poder", completou.

Depois de várias semanas de calmaria, os mercados se agitaram com a perspectiva de retorno de Berlusconi para liderar a centro-direita, pouco mais de um ano depois de uma crise financeira levar o bilionário a ser substituído no cargo pelo tecnocrata Monti.

Pesquisas de opinião sugerem que Berlusconi tem pouca chance de reeleição. O Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, sob comando de Pier Luigi Bersani, detém uma forte liderança e provavelmente deve formar o próximo governo em uma plataforma amplamente pró-europeia, em consonância com a agenda de Monti.