Suspensas nos dois últimos anos devido à pandemia de covid-19, as festas do réveillon voltam com muitas atrações neste fim de ano em cidades do litoral do Estado de São Paulo. A previsão é de que mais de 5 milhões de turistas se desloquem para as 15 cidades da costa paulista, em busca de suas 276 praias. As prefeituras prometem shows e queimas de fogos, sem estampidos, para atrair os visitantes. A maioria delas, no entanto, restringe o acesso de excursões com turistas de um dia.
Somente nas quatro cidades do litoral norte - Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela -, que têm as praias mais procuradas, são esperados 1,6 milhão de visitantes. Para chegar de carro à região, os turistas vão contar pela primeira vez com o trecho novo da serra em operação na Rodovia dos Tamoios, o que deve reduzir bastante o tempo de viagem. O trecho antigo será usado como pista de descida (São José dos Campos a Caraguatatuba), enquanto a subida da serra (sentido inverso) será pela pista nova.
Ubatuba vai fazer a tradicional queima de fogos, coloridos, mas silenciosos, na Praça de Eventos e na Praia de Maranduba. A cidade está entre os destinos domésticos mais procurados no fim do ano, segundo dados da plataforma Booking.com, divulgados este mês. A expectativa é de lotação total de hotéis e pousadas. Além da festa pública, a cidade é famosa pelos eventos particulares.
Conforme a prefeitura, estudos sobre a recuperação dos destinos turísticos comparando 2022 com 2019 mostram que Ubatuba é a cidade brasileira que mais aumentou o número de hospedagens. "Somos o único município do Brasil que dobrou o movimento em 2022. Nossa cidade é rica em belezas naturais e em diversidade cultural, o que nos torna uma grande opção de turismo dentro do País", disse a secretária de Turismo Thaila Brito.
A cidade, que tem mais de 30 praias, incluindo as da Ilha Anchieta, cobra taxas que variam de R$ 2 mil a R$ 5 mil dos veículos fretados de turismo terrestre, como ônibus e vans. Para entrar na cidade, esses veículos precisam se cadastrar no site da empresa municipal de turismo. Já a taxa ambiental que seria paga pelos veículos de fora, inclusive de turistas, está com o sistema em testes desde o dia 10 de novembro e ainda não ficou definido se a cobrança começa neste fim de ano ou no início de 2023.
A prefeitura de Caraguatatuba confirmou a queima de fogos sem estampido na Avenida da Praia. O espetáculo não acontece desde 2019. A cidade espera 1,5 milhão de turistas até o carnaval - cerca de 500 mil estarão nas praias durante a virada do ano. Ônibus e vans são autorizados desde que os ocupantes comprovem hospedagem na rede hoteleira da cidade por mais de um dia. A taxa é de R$ 4,15 por assento da condução, ocupada ou não.
São Sebastião fará show pirotécnico com DJs em sete praias: Enseada, Arrastão, Centro, Barequeçaba, Maresias, Boiçucanga e Barra do Una. Guaecá terá apenas show, sem queima de fogos. Os espetáculos, sem estampidos, devem durar de 10 a 12 minutos. A expectativa é de 500 mil visitantes. O réveillon acontece em meio ao Festival de Verão, repleto de apresentações artísticas. A prefeitura suspendeu a cobrança de taxas para entrada de veículos de turismo.
Em Ilhabela, haverá queima de fogos em cinco locais da orla, incluindo a Vila e Perequê. Os fogos de artifício serão sem estampido. Os shows da virada terão bandas locais. Apenas para passar o réveillon na ilha, 61 mil pessoas já fizeram reservas, mas o número pode dobrar com o turista ocasional. Durante toda a temporada, Ilhabela deve receber 530 mil turistas do continente, além de 140 mil que vão chegar em navios de cruzeiro até o mês de fevereiro.
A prefeitura só autoriza a entrada de ônibus, vans e micro-ônibus na cidade desde que seja comprovada a reserva de hospedagem na rede hoteleira do município, onde o veículo deve ficar estacionado. É preciso obter autorização prévia, com ao menos 72 horas de antecedência, pagando taxa de R$ 775 (ônibus), R$ 515 (micro-ônibus) e R$ 300 (vans, peruas e trailers). Esses veículos só podem estacionar em locais determinados na licença.
Baixada Santista
Na Baixada Santista, a queima de fogos volta a ser realizada este ano em quase todas as cidades. No Guarujá, o ponto alto da virada, dia 31 de dezembro, vai acontecer na Ilha da Pompeba, em frente à Praia de Pitangueiras, e no Mirante da Campina, que divide as praias de Pitangueiras e Enseada. Outras queimas de 10 minutos serão realizadas na Praia do Perequê (Morrinhos), na Praça 14 Bis (Distrito de Vicente de Carvalho) e na Praia do Tombo.
A prefeitura espera mais de 1,5 milhão de turistas para a temporada de verão, com a largada no réveillon. Nas praias, após as 22 horas, são proibidos jogos e competições, como futebol de areia, vôlei de praia, e beach tênis. Durante o dia, esses esportes só podem ser praticados em locais e horários já estabelecidos. Beach tênis e peteca, por exemplo, podem ser jogados das 6h às 11h e das 14h às 22h. Os infratores são advertidos e, em caso de resistência, o material é apreendido e só é liberado após pagamento de multa de R$ 324.
Ônibus e vans de turismo (com mais de 8 lugares) só entram na cidade pagando taxa de até R$ 3.920 por dia. Ainda assim, é preciso pedir autorização com ao menos sete dias úteis de antecedência. A prefeitura promete fiscalização rigorosa. O veículo flagrado sem autorização recebe multa de R$ 7.840 e fica sujeito à apreensão.
Em Santos, depois de dois anos sem a atração, volta a ser realizado o show pirotécnico do réveillon. A queima de fogos acontece em oito pontos da orla. A prefeitura espera cerca de 1 milhão de pessoas presentes na festa da virada, entre moradores locais e visitantes.
Praia Grande espera receber 1,5 milhão de visitantes no período que vai do Natal à virada do ano. O espetáculo pirotécnico vai acontecer na orla. Itanhaém também retoma a queima de fogos na festa da virada, no centro, com previsão de 80 mil visitantes. As prefeituras de São Vicente e Mongaguá ainda não definiram a programação do ano-novo. Em Peruíbe, a queima de fogos acontece na Praia do Centro, durante o Show da Virada. O município espera 150 mil visitantes.
Ilha Comprida recebe até 400 mil turistas para o réveillon, que terá um "esquenta" já no dia 30 com show na arena de eventos da Praia do Boqueirão Norte. Os shows prosseguem dia 31 a partir das 22 horas, até o espetáculo pirotécnico da virada, com fogos sem estampido. O réveillon dá a largada ao Ilha Verão, extensa programação cultural gratuita que emenda com o carnaval.
Veículos fretados e de excursões precisam ter reserva em meio de hospedagem e autorização da Divisão de Turismo, solicitada com 72 horas de antecedência, para entrar na ilha. Não há cobrança de taxa, mas os veículos devem estacionar em área de responsabilidade dos estabelecimentos.
A prefeitura de Cananeia, última cidade do litoral sul paulista, ainda não definiu toda a programação, que terá queima de fogos e shows na orla. A cidade cobra taxa das excursões com visitantes de um dia. Ônibus pagam R$ 189 e vans, R$ 96. É preciso pedir autorização com antecedência mínima de quatro dias.
Aluguel mais caro e esquema de segurança
As cidades do litoral paulista devem receber um reforço de mais de 2 mil policiais militares durante o verão. O efetivo extra começa a chegar a partir do dia 19 e vai se somar ao policiamento local e às guardas civis municipais de cada cidade. Em Praia Grande, por exemplo, a GCM tem efetivo de 400 guardas que dispõem de 14 carros elétricos para patrulhar a orla. Na Operação Verão, serão usados quadriciclos e drones para a vigilância nas faixas de areia.
Pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de São Paulo mostrou que o preço médio do aluguel de apartamentos com três dormitórios no Litoral Norte subiu 196% entre a virada do ano de 2022 e a de 2023. A diária média passou de R$ 1.050 para R$ 3.110. A pesquisa foi feita em 28 imobiliárias que trabalham com locações para temporada na região.
Na Baixada Santista, os imóveis mais alugados - casas e apartamentos com dois dormitórios - tiveram alta variável entre 4% e 165% nas diárias. Mais ao sul, entre Mongaguá e Peruíbe, os imóveis com três dormitórios registraram alta de 52%, com a diária passando de R$ 788 para R$ 1.197.
Para o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto, os preços são ditados pela demanda que, este ano, está mais aquecida devido ao fim da pandemia de covid-19. Ele alertou para o risco de falsas locações anunciadas sobretudo pela internet. "Nesse período, os estelionatários estão de plantão. Os turistas ficarão mais amparados se buscarem imobiliárias que já atuam há mais tempo com esse tipo de locação", disse.