O pesquisador Ricardo Galvão, professor de Física da Universidade de São Paulo (USP), será o novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em cerimônia no auditório do órgão responsável por fomentar a pesquisa científica no Brasil, Galvão fez um discurso emocionado e disse que a "ciência sobrevoou ao cataclismo de um governo negacionista".
"Eu tenho 51 anos de serviço público. Os servidores públicos são acusados de não fazerem nada e de não produzirem nada. Vocês foram o sustento contra o governo que deixou o País", disse, durante cerimônia que contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Galvão volta ao governo federal depois de ser exonerado do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2019. Ele entrou em um embate com o então presidente Jair Bolsonaro sobre dados de desmatamento na Amazônia.
A atitude de Galvão de chamar a atenção para a disparada de alertas de desmatamento registradas pelo instituto - uma alta de 40% ao longo de um ano -, foi duramente criticada pelo ex-presidente. Bolsonaro chegou a dizer a jornalistas estrangeiros que os dados do Inpe eram "mentirosos" e insinuou que Galvão estaria "a serviço de alguma ONG".
"Há pouco mais de dois meses derrotamos a truculência que existia em nosso País. Essa cerimônia é a comprovação de que a ciência sobreviveu ao cataclismo de um governo negacionista. Agora voltaremos a ter investimentos em ciência e isso passa pelo fortalecimento do CNPq", afirmou Galvão.