Desprezados pela massa carcerária e muitas vezes jurados de morte por integrantes de outras facções criminosas, presidiários condenados por estupros e pedofilia se uniram para formar a organização Povo de Israel (PVI ). Chamados de “neutros”, os detentos se juntaram para formar a facção que surgiu nos presídios do Rio de Janeiro há 20 anos e, atualmente, influencia 18 mil presos em 13 unidades prisionais, chamadas de “aldeias”. (Assista reportagem abaixo)
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Nos moldes das grandes facções como a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e a carioca Comando Vermelho (CV), o PVI fez fortuna com a prática de crimes cometidos dentro dos presídios.
De acordo com os jornalistas Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, do portal Metrópoles, a facção teria movimentado cerca de R$ 70 milhões, entre janeiro de 2022 e maio deste ano e investido pesado na prática do golpe do falso sequestro, sempre aplicado por meio de ligações via aparelho celular.
O Povo de Israel também fez seu próprio estatuto e, é claro, a principal diretriz é “proteger” os presos envolvidos com crimes sexuais. O estatuto revela regras rigorosas para seus membros, excluindo termos pejorativos e promovendo um ambiente de “tranquilidade” dentro das unidades prisionais que controla. “Do portão pra dentro, zera tudo”, diz o primeiro mandamento do documento anexado ao inquérito da Polícia Civil, que investiga a quadrilha.
Morte a “X-9”
Entre os detentos do bando, o uso da palavra “estuprador” é proibida. “Nosso lema é dormir e acordar em paz”, diz a terceira norma, sugerindo que os apenados nesses locais não enfrentam ameaças de morte em razão dos crimes que cometeram. O quinto mandamento do estatuto diz que as lideranças não irão perdoar delatores e “cagoetes”, os chamados “X-9”.
O nome da facção teria surgido durante uma rebelião no presídio Ary Franco, em Água Santa, no Rio de Janeiro, em 2004, e teria sido batizada durante esse motim: um dos detentos teria aberto uma bíblia exatamente em um versículo que falava sobre o “Povo de Israel”.
Ela é basicamente formadada por encarcerados apelidados de “neutros”, que são detentos renegados por outras facções por serem, muitas vezes, estupradores e pedófilos. Eles buscaram se isolar dos grupos já existentes nas cadeias para se estruturar entre si. Houve, então, um pedido para a transferência de todos eles para o presídio Hélio Gomes, em Magé, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
Assista:
Reportagem:Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, da coluna Na Mira/Metrópoles