Setenta e quatro refugiados afegãos que desde 30 de junho estavam abrigados na colônia de férias do Sindicato dos Químicos de São Paulo em Praia Grande, no litoral paulista, foram transferidos na noite da segunda-feira, 11, para Guarulhos.
O governo federal repassou R$ 2 milhões para que a prefeitura de Guarulhos abrisse 80 novas vagas em abrigos, especificamente para hospedar esse grupo, transportado em dois ônibus sob responsabilidade do governo federal. Em junho, foram para Praia Grande 128 afegãos, entre eles 37 crianças. Uma parte já havia sido transferida para outros lugares. Entre os 74 transferidos agora estão 36 crianças.
Guarulhos já abrigava quase 200 refugiados afegãos e agora tem, ao todo, 257 acolhidos em abrigos, segundo o secretário municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, Fábio Cavalcante. Outros cem afegãos estão alojados no aeroporto de Cumbica, à espera de vagas em abrigos de qualquer município do Brasil.
Enquanto não conseguem um lugar definitivo para morar, eles permanecem no aeroporto e recebem assistência da prefeitura - comida e objetos básicos - por meio do posto avançado de atendimento humanizado aos migrantes.
Em junho, um surto de escabiose, conhecida como sarna humana, atingiu os refugiados acampados no aeroporto. Ao menos 21 ocorrências de escabiose foram confirmadas.
O aeroporto de Guarulhos é a principal porta de entrada dos afegãos no Brasil. "Todo dia tem seis voos vindos do Oriente Médio. Pode ser que chegue um grupo grande, pode ser que não chegue ninguém. É sempre uma surpresa", diz Cavalcante.
Segundo o secretário, a prefeitura de Guarulhos tem recepcionado os afegãos e intermediado o encaminhamento deles para abrigos de todo o Brasil. "Essa função é que achamos que deveria ser exercida pelo governo federal. Mas, temos nos reunido e estamos avançando nas negociações", diz Cavalcante. A reunião mais recente com representantes do governo federal aconteceu na semana passada, conta.
A reportagem procurou o Ministério do Desenvolvimento Social para que se manifestasse sobre a transferência dos afegãos, mas a pasta informou que o tema é tratado pelo Ministério da Justiça, que por sua vez redirecionou para o Ministério do Desenvolvimento Social.
Até a publicação desta reportagem, nenhuma das pastas havia se pronunciado.