Quem é Keir Starmer? Novo premiê do Reino Unido diz ser 'socialista'

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 05/07/2024
Partido de Starmer teve vitória esmagadora após 14 anos fora do poder

Keir Starmer é o novo primeiro-ministro do Reino Unido após uma vitória esmagadora do Partido Trabalhista na eleição geral desta quinta-feira (4). Starmer construiu uma carreira bem-sucedida como advogado e, depois dos 50 anos, tornou-se parlamentar. Ele está há quatro anos como líder dos trabalhistas, após substituir Jeremy Corbyn. 

Em entrevista à BBC News, Starmer se descreveu como "socialista" e "progressista". "Eu me descreveria como socialista. Eu me descreveria como progressista. Eu me descreveria como alguém que coloca o meu país em primeiro lugar e meu partido em segundo", disse. A vitória é marcante, pois os trabalhistas não governam o Reino Unido há 14 anos. 

📰 LEIA MAIS: Príncipe William é flagrado dançando hit de Taylor Swift em show; veja

Nascido em Londres em 1962, ele possui uma origem humilde, à qual costuma fazer menção. Seu pai era operário em uma fábrica de ferramentas e sua mãe era enfermeira. A família sempre foi fervorosamente trabalhista. O agora líder do Partido Trabalhista foi batizado em homenagem a Keir Hardie, um mineiro escocês que foi o primeiro líder do partido.

Na juventude, Starmer chegou a ser um esquerdista radical. Aos 16 anos, ele ingressou no braço da juventude do Partido Trabalhista. Por um tempo, ele foi editor da revista radical de esquerda Socialist Alternatives ("Alternativas Socialistas").

Ele foi a primeira pessoa na sua família a estudar em uma universidade. Ele estudou direito em Leeds e Oxford e depois trabalhou como advogado especializado em direitos humanos. Durante este tempo, ele lutou para abolir a pena de morte em países do Caribe e da África.

Em 2008, Starmer foi nomeado diretor do Crown Prosecution Service (o Ministério Público britânico) — no cargo mais alto de promotoria da Inglaterra e do País de Gales. Ele ficou nesse cargo até 2013 e foi condecorado como cavaleiro real em 2014, recebendo o título de "Sir".

Virando líder trabalhista

Starmer ingressou no Parlamento em 2015, como deputado por Holborn e St Pancras, regiões de Londres. Os trabalhistas estavam na oposição e sob o comando de Jeremy Corbyn, considerado esquerdista mais radical dentro do partido. Corbyn nomeou Starmer para o cargo de ministro do Interior do gabinete paralelo na oposição — responsável por acompanhar e criticar o desempenho do governo em áreas como imigração.

Depois que o Reino Unido aprovou a saída da União Europeia em um referendo, Starmer virou ministro paralelo para o Brexit. Starmer defendia a realização de um segundo referendo.

Starmer chegou ao comando do Partido Trabalhista após as eleições gerais de 2019. O pleito foi um desastre para a sigla — a sua pior derrota desde 1935 — e culminou na renúncia de Corbyn. Starmer venceu a disputa interna do partido com uma plataforma esquerdista, em que defendia a nacionalização de empresas de água e energia, e mensalidades gratuitas em universidades.

📲 Clique aqui e receba nossas notícias pelo WhatsApp ou convide alguém a fazer parte dos nossos grupos

Corbyn havia dividido o partido entre moderados e esquerdistas. Starmer afirmou que queria unificar o partido, mas que também queria manter o "radicalismo" de Corbyn. Ele disse ser contra "corrigir demais o curso [do partido] em direção ao centro". Desde então, Starmer suspendeu Corbyn do partido por causa de uma polêmica sobre antissemitismo no partido na época em que Corbyn era líder.

Muitos na ala mais à esquerda do partido dizem que Starmer está pondo em prática uma estratégia de longo prazo para promover apenas candidatos moderados em eleições parlamentares.

Quais são as opiniões de Starmer sobre...

Apesar do que falou em sua campanha para se tornar líder do partido, Starmer vem manobrando a sigla para o centro — tornando a mais palatável para os eleitores fora do partido.

Ele abandonou muitas políticas consideradas caras, atribuindo isso ao mau estado das contas públicas britânicas, mas manteve alguns projetos radicais.

Nacionalização

Starmer abandonou seus planos anteriores de nacionalizar empresas de saneamento e energia.

Mas ele manteve sua promessa de colocar sob controle público praticamente todas as companhias ferroviárias de transporte de passageiros nos próximos cinco anos — sob uma empresa nova chamada Great British Railways.

Educação

Starmer abandonou seu plano de abandonar a cobrança de mensalidades dos alunos, alegando que o governo não teria como pagar pelo programa.

Ele disse à BBC em maio: "Provavelmente vamos deixar essa promessa para trás, porque estamos em uma situação financeira diferente".

Mas Starmer disse que os Trabalhistas vão começar a cobrar imposto sobre mensalidades de escolas privadas no Reino Unido.

Meio ambiente

Os trabalhistas recuaram em sua proposta de 2021 de gastar cerca de 28 bilhões de libras (quase R$ 200 bilhões) por ano em projetos de energia sustentável, mas mantiveram sua promessa de construir parques eólicos e fábricas de baterias para veículos elétricos.

Os conservadores o criticaram por tentar "fugir" de promessas feitas no passado.

Recentemente, Starmer prometeu investir 8 bilhões de libras (R$ 56 bilhões) em energia sustentável através de uma nova empresa, chamada GB Energy.

Ele também prometeu remover combustíveis fósseis quase que completamente da matriz de eletricidade britânica até 2030. Muitos especialistas acreditam que não é possível fazer isso.

Israel e Gaza

Após o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, Starmer apoiou as operações israelenses em Gaza e seu direito de se defender.

Isso irritou muitos eleitores pró-Palestina, e ele enfrentou uma rebelião de dezenas de parlamentares trabalhistas que pediam um cessar-fogo imediato.

Em fevereiro, no entanto, Starmer pediu "um cessar-fogo que dure. É o que precisa acontece agora".

Uma pesquisa YouGov feita em março mostrou que 52% das pessoas consultadas no Reino Unido acharam que ele não soube lidar bem com a questão.

Starmer também apoiou o bombardeio britânico a bases Houthi no Iêmen em resposta aos ataques do grupo a navios ligados a Israel.

Europa

Em 2019, Starmer fez pressão por um segundo referendo sobre se o Reino Unido deveria deixar a União Europeia.

Agora ele diz que não tem mais como voltar atrás no Brexit, mas que ele discutiria novos acordos de cooperação com a União Europeia em pontos como alimentos, meio ambiente e padrões de trabalho.

Fonte: informações BBC Brasil.