A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) criticou a posição da Agência Internacional de Energia (AIE) defendida no relatório sobre as indústrias de petróleo e gás em meio à transição energética. O cartel afirmou que o discurso de que o setor precisa "escolher entre alimentar a crise climática ou abraçar a transição para energia limpa" simplificaria extremamente os desafios presentes e subestimaria questões como segurança energética e acesso a energia. "Isso também difama injustamente a indústria como causadora da crise climática", defendeu-se, em nota publicada nesta segunda-feira, 27.
"É irônico que a AIE, uma agência que alterou repetidamente as suas narrativas e projeções de maneira regular nos últimos anos, se dirija agora à indústria do petróleo e do gás e diga que este é um 'momento da verdade'", falou o secretário-geral da AIE, Haitham Al Ghais. "A forma como a AIE tem infelizmente utilizado as suas plataformas de redes sociais nos últimos dias para criticar e instruir a indústria do petróleo e do gás não é, no mínimo, diplomática. A própria Opep não é uma organização que diria aos outros o que deveriam fazer".
Para Al Ghais, as propostas da AIE para empresas petrolíferas alinharem suas metas com o objetivo de zerar emissões de carbono é uma "ferramenta destinada a restringir as ações e escolhas soberanas dos países em desenvolvimento produtores de petróleo e gás, através de pressão sobre as suas Companhias Petrolíferas Nacionais". O dirigente também disse que a proposta contradiz a abordagem "bottom-up" (de baixo para cima) do Acordo de Paris, que permite que cada país decida sua própria meta de contribuição para o objetivo de redução de gases de efeito estufa.